sábado, 5 de novembro de 2011

Agências humanitárias 'governam' o maior campo de refugiados do mundo


Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, no leste do Quênia, abriga 380 mil pessoas que vivem sem um governo formal. A organização do complexo, que recebe ao menos 800 pessoas por dia fugindo da seca e da guerra na Somália, é feita pela Acnur, a agência da ONU para refugiados. Tudo no campo gira em torno da doação e dos projetos de ajuda.
Ao todo, 1.500 funcionários de organizações não-governamentais trabalham em Dadaab. Só da Acnur, são 150. As agências se dividem na coordenação dos três campos que formam o complexo. Os Médicos Sem Fronteiras (MSF), por exemplo, são responsáveis pelo hospital e por todos os postos de saúde de Dagahaley.
Na entrada do campo, a Acnur cadastra os recém-chegados, que passam por uma tenda do MSF para avaliação médica e depois recebem comida doada pelo Programa Mundial de Alimentos e distribuída pela agência Care.
Os estrangeiros fazem as chamadas 'missões': ficam alguns meses em Dadaab e depois retornam, revezando com outro funcionário, geralmente de outro lugar do mundo.
 Além dos funcionários que vêm de fora, as agências empregam um grande número de refugiados e de quenianos. São eles que fazem a maioria do trabalho. No MSF, por exemplo, há entre 15 e 20 estrangeiros e quase 500 refugiados que trabalham nos postos e no hospital. Eles são treinados pelas ONGs, falam inglês e algumas vezes até vivem dentro dos alojamentos das organizações, em casas construídas, melhores que as tendas do campo.
"O governo do Quênia não lida diretamente com os refugiados. Ao contrário, a Acnur faz todo o trabalho, incluindo o registro, o pedido formal de refugiado, ajuda humanitária, administração do campo e até seguro ou documentos de viagem. A única coisa que o governo faz é a segurança. E mesmo assim a Acnur ainda paga a agentes privados algum dinheiro. Há também uma fatiga dos doadores. A questão dos refugiados está pior do que há vinte anos", explica o professor do centro de estudos para refugiados da Universidade Moi, no Quênia.
Médico examina criança no hospital do campo de Dagahaley. Os Médicos Sem Fronteiras são responsáveis por toda a saúde deste campo de Dadaab (Foto: Giovana Sanchez/G1)Médico examina criança no hospital do campo de Dagahaley. Os Médicos Sem Fronteiras são responsáveis por toda a saúde deste campo de Dadaab (Foto: Giovana Sanchez/G1)
Saiba como ajudarDiversas ONGs atuam em Dadaab. Conheça o trabalho de algumas e saiba como ajudar os refugiados somalis:
Acnur
A agência da ONU para refugiados administra o campo. É possível doar para o Programa Mundial de Alimentos, para o fundo de emergência da ONU ou para o fundo para a infância (Unicef).
Médicos Sem Fronteiras
Organização fundada em 1971, atua em 65 países oferecendo ajuda médica em regiões carentes e de risco. Em Dadaab, eles cuidam de um hospital e de todos os postos do campo de Dagahaley. No site da organização no Brasil, há uma página especial só para a crise da Somália e arrecadando doações.
Care
Fundada em 1945 para ajudar as vítimas da Segunda Guerra Mundial, a organização atua em Dadaab fornecendo água, condições sanitárias, educação e distribuindo a comida aos recém-chegados no campo. Veja a página em inglês para doações para o Chifre da África.
FilmAid
A organização para promoção dos jovens começou a atuar em Dadaab em 2005. Além de ensinar crianças e adolescentes a filmar e a produzir filmes e documentários, a FilmAid tem programas de saúde, treinamentos e um trabalho psicossocial.
Cruz Vermelha
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) opera desde 1977 na Somália e agora amplia a ação para a atual emergência humanitária. O grupo disponibilizou uma conta corrente no banco HSBC, no Brasil, para arrecadar doações em favor das vítimas do conflito armado e da seca na Somália (agência: 1276 e conta corrente: 01034-73).
Save the Children
Em seu site em inglês, a organização, criada em 1932, explica o trabalho que faz focado nas crianças e no fornecimento de água e ajuda em educação  de Dadaab.

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