quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Animais de estimação: do luxo ao lixo

Animais de estimação: do luxo ao lixo
Animais de estimação: do luxo ao lixo desde o nascimento marcados pelo amor ou pelo desprezo de seus donos

O Brasil ocupa o 2º lugar no mundo no número de cães e gatos e a venda deles não é o ponto alto do consumo. Manter o bichinho custa caro e para quem pode, o luxo é ainda mais cobiçado e custoso.

Em datas como Dia das crianças e Natal, a venda de cães e gatos se eleva e pet shops se enchem de animais de várias raças, cores e tamanhos, todos com olhinhos pidões esperando serem comprados o mais rápido possível.

Os cães principalmente são os mais animados nas lojinhas de animais. Quando vêem um potencial comprador, mesmo que inconsciente, fazem a maior festa, abanam o rabo, fazem olhinhos melindrosos e se a pessoa veio com essa pretensão, acaba levando o bichinho com toda a alegria do mundo. No entanto, essa vai ser a primeira de milhares de dívidas que essa aquisição vai demandar.

O veterinário Melquisedeque de Andrade Pessoa, proprietário de uma clínica e pet shop no bairro da Torre, em João Pessoa explicou que uma loja de animais não é o melhor local para adquirir um bichinho de estimação, já que é um lugar que recebe outros animais e que se estes estiverem doentes contaminarão os que estão expostos a venda e o risco de levar um bichinho doente para casa é muito grande.

Melqui recomenda que se você quiser um animal saudável procure os criadores e tenha até a oportunidade de conhecer os pais dos filhotes e assim descobrir como será a vida futura do bichinho a ser adquirido, por exemplo, se ele é calmo, cheio de vitalidade ou quieto, verificando se ele combina mesmo com seu ritmo de vida e onde você mora para não fazer uma compra errada. Lembrando, segundo ele, que o período de desmame do filhote deve ser respeitado, 45 dias após a última vacina, em torno de 105 dias após o nascimento.

Em relação aos gastos, o veterinário deixou claro que exames, vacinas, visitas de rotina, além do banho, tosa e ração de qualidade são essenciais para a saúde do animal. No entanto, deixou claro que isso requer tempo, dinheiro e amor pelo bichinho. Brinquedinhos e até roupinhas são ofertados para dar ainda mais luxo ao animalzinho de estimação.

Na Paraíba, ainda não existe hospital para os bichos de estimação, mas há clínicas especializadas como a do veterinário Melqui que funcionam 24 horas por dia para que os animais não fiquem sem atendimento. Outras oferecem serviços exclusivos de hotel, SPA e até academia para animais que precisam perder peso. E o tratamento é de estrela. Com médicos especializados como nutricionista, fisioterapeuta e personal treineer, tudo para a qualidade de vida super valorizada por donos que podem pagar o preço.

Mas esse luxo não é para todos e sim para poucos, no entanto, os que têm amor fazem aquele sacrifício para manter da melhor maneira possível seu animal saudável e feliz. Um banho semanal, ração, passeio, um lar limpo e aconchegante, mesmo que simples e carinho ao seu amigo leal e fiel.

O veterinário Melquisedeque avisa ainda para aqueles que levam o cão para dar banho em pets que tenham muito cuidado, pois está a cada dia mais frequente os acidentes com morte de animais após um simples banho e tosa. “O barato pode sair caro. Para um local fornecer este serviço deve ter transporte de qualidade caso faça busca em casa, profissionais capacitados e ambiente seguro. Acidentes comuns de queda acidental por mau transporte do animal, enforcamento, traumatismo ocasionado por agressões, queimadura por uso de secador inadequado, amputações e envenenamento podem até levar a morte do seu animal de estimação. O certo é buscar um local seguro e de confiança para levar seu bichinho”, explica.

No entanto há aqueles que pensam que comprar um animal basta e o resto vai acontecendo de maneira irresponsável até o dia que ele morre ou é abandonado. Não é de hoje que cães e gatos são abandonados constantemente nas ruas de João Pessoa, seja nos bairros da periferia como também na área nobre e as vítimas não são somente vira-latas. Claudete Mota, farmacêutica do Centro de Controle de Zoonoses, revelou que as raças dos animais abandonados e que a instituição acolhe variam muito, desde os grandes, vitimados por donos que se mudam para lugares menores, como até raças pequenas como poodles, pinchers, daschund (salsichas), etc.

A maioria dos animais abandonados de João Pessoa são deixados nos Mercados Públicos onde passam muitas pessoas e tem muito resto de comida. Assim, os antigos donos pensam que estão fazendo o melhor pelo futuro do animal, mas apenas estão se livrando do que eles acreditam serem estorvos em suas vidas e jogando eles em locais movimentados, onde pela lógica eles poderiam ser adotados, mas não é isso que acontece.

Cães e gatos deixados nas ruas próximos a grande movimento de pessoas e veículos têm em sua maioria final trágico. Muitos de nós já nos deparamos com animais atropelados, esmagados ou ainda feridos que morrem a míngua por falta de socorro. Além dos mais comuns quando adultos que são muito magros e desfigurados pela fome ou doença como sarna (escabiose) e calazar (leishmaniose visceral).

O veterinário Melqui destacou que em sua carreira de nove anos já tratou de animais que sofreram abandono e maus tratos em sua maioria são cães adultos que aparecem desnutridos, com polifraturas, cadelas gestantes, leishmaniose, raiva e a leptospirose animal. Nos filhotes, verminoses, virose, toxinfecção alimentar e escabiose. Em relação aos maus tratos, ele verificou a incidência de emagrecimento, unhas grandes, lesões dermatológicas, fraturas, apatia e agressividade. “Não é somente os cães e gatos abandonados que sofrem maus tratos, há inúmeros casos de donos que abandonam na própria casa seu animal e o machuca de forma física e mentalmente, é muito triste, mas é real”, confidencia.




Claudete Mota informou que muitos cães e gatos nunca tiveram dono já que são filhos dos animais que antes foram abandonados pelos antigos donos. Alguns deles são resgatados pelo Zoonoses, após denuncias de populares ou por terem problemas de saúde pública que podem afetar humanos como leishmaniose, raiva e a leptospirose

O Zoonosses recebe animais que são abandonados pelos donos por inúmeros motivos. Os proprietários levam os animais e deixam na instituição para que eles tomem de conta do cachorro ou gato. Claudete revelou que a receptividade da população em adotar os animais que chegam no Zoonoses é grande. “Tem dias que temos muitos animais, em outros dias, não temos quase nenhum”.

O tratamento dado no Zoonoses é o melhor possível. Ao chegar seja pelo recolhimento da rua, ou de donos que os deixam na instituição, os animais são vermifugados, alimentados e recebem avaliação e tratamento médico. E é um mito a história de que os animais são mortos caso não sejam adotados. Eles ficam no Centro até morrerem de velhos se for preciso, ratifica Claudete. Para os casos de doenças graves e sem cura, é praticada sim a eutanásia animal. Os proprietários que tiverem animais com raiva ou calazar, por exemplo podem ligar e pedir que recolham em casa o animal doente e após assinarem um termo de responsabilidade é realizado o sacrifício do cão ou gato enfermo.

Na realidade estes animais abandonados sejam cães ou gatos comovem muitos corações, muitos deles não podem fazer muita coisa para mudar a realidade destes animais, no entanto, alguns conseguem fazer um pouco que tem feito a diferença em muitas vidas de duas pernas ou quatro patas. Ana Alice, vice-presidente da Associação de Proteção Animal Amigo Bicho- APAAB, uma instituição sem fins lucrativos e sem sede própria que desde 2006 faz acolhimento de animais. “Os bichinhos resgatados ficam nas nossas casas até que sejam adotados, alguns acabamos adotando”.

Ana explica que para comprar ração, vacinas e pagar consultas, os voluntários fazem eventos, rifas e campanhas para conseguirem fundos para estes custeios. Além de fazerem propagandas nas mídias sociais para divulgarem as fotos dos bichinhos. A fim de que, em pouco tempo, eles possam ser adotados e dêem espaço para um novo animal ficar em seu lugar.

No Centro de Zoonoses também há o serviço de adoção de animais. O interessado deve ter acima de 18 anos, escolhe o animal na instituição, é preenchido um termo de compromisso para cuidar com responsabilidade do bichinho e leva-o no mesmo dia.
pbagora.com.br

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