terça-feira, 20 de março de 2012

Animais alcançaram Madagascar em 'barcos improvisados', diz estudo


Troncos e vegetação flutuante ajudaram na dispersão de espécies na ilha.
Cientistas analisaram dados geológicos e oceânicos da região africana.

Animais "pegam carona" em embarcação e vão parar em uma ilha exótica na costa da África. A história da animação cinematográfica "Madagascar", de 2005, pode não ser totalmente ficção, segundo cientistas.
Pesquisadores divulgaram na edição desta semana da “PNAS”, revista da Academia Nacional de Ciências norte-americana, estudo afirmando que o transporte transoceânico – seja pelo ar ou pela água – pode ter contribuído com o povoamento de vertebrados na quarta maior ilha da Terra.
No caso do filme, um navio-cargueiro deixou cair contêineres transportando um leão, uma girafa, uma zebra e um exemplar de hipópotamo.
Animais chegaram a Madagascar em ‘jangadas improvisadas’, conclui estudo (Foto: The Picture Desk / Dreamworks Pictures / The Kobal Collection)Animais chegaram a Madagascar em ‘jangadas
improvisadas’, conclui estudo (Foto: The Picture Desk
/ Dreamworks Pictures / The Kobal Collection)
Na vida real, após a separação dos continentes, os ancentrais de espécies vertebradas que hoje vivem na ilha teriam se deslocado do continente africano para a ilha há 65 milhões de anos com a ajuda de galhos de árvores, que teriam seguido a corrente oceânica pelo Canal de Moçambique -- faixa de mar no Oceano Índico que divide Madagascar do resto da África.
As espécies teriam sido transportadas também por meio de grandes tapetes de vegetação que flutuaram pelo mar.
Entretanto, com a inversão das correntes oceânicas, que teria ocorrido há 23 milhões de anos, fez com que outra parte dos ancestrais de espécies alcançassem a ilha voando.
Biodiversidade
Liderado por Karen E. Samonds, da Universidade Queensland, da Austrália, o grupo de pesquisadores utilizou informações geográficas e oceânicas para explicar o motivo da diversidade animal na ilha.
A região é lar de diversas espécies endêmicas como o lêmur-de-cauda-anelada (Lemur catta) e do lêmure-rato-de-Berthe (Microcebus berthae). 
Lêmure rato de Berthe, espécime descoberta em 2000 na ilha de Madagascar, é considerada em extinção (Foto: WWF)Lêmure-rato-de-Berthe, espécie descoberta em 2000 na ilha de Madagascar, corre risco de extinção (Foto: WWF)
Além disso, é considerada pela ciência como um laboratório vivo para o estudo da evolução e do impacto da geografia no processo evolucionário.
Tem mais espécies únicas do que qualquer outro lugar do planeta, com exceção da Austrália, 13 vezes maior. Por exemplo, há 70 tipos diferentes de lêmure que só vivem ali. Cerca de 90% dos demais mamíferos, anfíbios e répteis são exclusividade de Madagascar.
Em junho passado, a organização ambiental WWF divulgou relatório onde afirmava que Madagascar é o local com maior concentração de novas espécies de animais, plantas e insetos.
De acordo com a entidade, cientistas fizeram 615 descobertas de novas espécies entre os anos de 1999 e 2010. Entretanto, muitas das criaturas já estão ameaçadas de extinção, afirma o documento.
Nos últimos 11 anos, foram encontradas 385 plantas, 42 invertebrados, 17 peixes, 69 anfíbios, 61 répteis e 41 mamíferos. Mas especialistas alertam que parte da biodiversidade recém-descoberta estaria desaparecendo em decorrência do desmatamento, que já afetou 90% da cobertura de florestas original.
G1

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