quarta-feira, 4 de abril de 2012

Após a Páscoa, coelhinhos vivos são abandonados

Resultado das crenças religiosas - da apostólica romana. Onde está o Vaticano? Quo Vadis?

Filhotes são preferência nesta época, mas não devem ficar em gaiolas (Foto: Reprodução/Jornal A Tribuna)
A Páscoa é domingo. A época é dos ovos de chocolate, mas não só: outro comércio que cresce neste período é o dos coelhos. Não de chocolate, mas vivos, de carne e osso.
Na maioria das vezes, a demanda tem um motivo pueril, literalmente: símbolo da data, o coelho faz a festa das crianças. O problema é que a Páscoa dura apenas um dia. Depois, os animais perdem a graça, viram um estorvo. E muitos deles acabam abandonados à própria sorte.
“É um inferno. Se a gente não pega, jogam em terrenos baldios”, lamenta Leila Abreu, da Coordenadoria de Proteção à Vida Animal (Coprovida), da Prefeitura.
Com pequenas variações, a história é sempre a mesma, segundo Leila: na semana que sucede à Páscoa, as Ongs de proteção animal começam a receber os coelhos, em estado deplorável. “Não é algo que a gente quantifique. Mas começamos a receber muitas ligações, são coelhos jogados nas ruas, no terreno baldio, na praça”.
Leila relembra o pior caso com que já se deparou. Certa vez, apareceu na Coprovida um homem de bicicleta, trazendo um coelho. Ele disse que o animal era de uns vizinhos, havia sido abandonado em um terreno baldio e estava muito machucado, carcomido por vermes.  “Tivemos que fazer eutanásia (sacrificá-lo). Tinha bicheira até dentro dos olhos”, relembra, com amargor.
O mercado
Enquanto isso, o mercado dos coelhos de Páscoa continua. A Tribuna visitou nesta segunda-feira algumas lojas do ramo. Em uma delas, na Rua João Pessoa, só havia dois coelhos, um branco e um preto. Filhotes, estavam justamente trancafiados em uma gaiola. Cada um, custando R$ 30,00.
Falamos que não queríamos ficar com os coelhos após a Páscoa. Nesse caso, qual seria a sugestão? A vendedora disse que a loja os aceitaria de volta. “Mas a gente não devolve o dinheiro”.
Em outro estabelecimento, na Rua Sete de Setembro, a vendedora sugere que se doe o animal a uma escola, “para as criança cuidarem”.
O preço era os mesmos R$ 30,00, mas já não havia nenhum no estoque. “Geralmente, vendo um por mês. Nesta época, é quase um por dia”.
Mesmo assim, ela garante que não vende para todo mundo: se percebe uma intenção ruim, joga o preço lá em cima. “Uma vez, veio um homem querendo o coelho para um despacho”, exemplifica.
Na mesma rua, a oferta é abundante e às claras: pendurada à entrada da loja, uma gaiola estava apinhada com vários exemplares, branquinhos e ainda pequenos – a preferência é pelos filhotes. Ao lado da gaiola, um cartaz anunciava ração par.

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