sábado, 28 de abril de 2012

Hospital Veterinário trata lobo ferido em armadilha

Portugal


Um jovem lobo, vítima de uma armadilha, é por estes dias o paciente mais especial do Hospital Veterinário da Universidade de Vila Real, aonde os médicos veterinários lutam para salvar a pata ferida deste animal protegido.
Chegou muito debilitado ao Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), depois de ter sido encontrado junto à aldeia de Meixedo, Montalegre, preso por uma pata num laço usado na caça.
O médico veterinário Filipe Silva explicou hoje aos jornalistas que o lobo, que deverá ter um ano e que pesa 30 quilos, vinha muito assustado e nem comia. Passados cinco dias, já come, mas inspira ainda muitos cuidados.
Hoje, os médicos procederam a uma avaliação da pata ferida.
Na sala de cirurgia do Hospital Veterinário, o animal foi sedado, monitorizado, enquanto se procedia à remoção do penso. Cerca de uma hora depois, Filipe Silva avançava com uma avaliação.
“Para já, não é o pior cenário. Não está a correr tão mal como esperávamos no início. Não temos sinais evidentes de gangrena para já”, salientou.
E se não surgirem sinais de gangrena, o responsável diz ter esperança de que não seja necessário proceder à amputação da pata.
Agora é preciso, acrescentou, continuar a mudar a penso de três em três dias, mantê-lo alimentado, medicado com antibióticos e anti-inflamatórios e evitar que o animal se mutile.
“Vai tentar roer o penso, por isso vamos ter que estar muito vigilantes”, sublinhou.
Filipe Silva referiu que, num cão, o tratamento a este tipo de ferimentos demora cerca de um mês e meio a dois meses.
“Tratando-se de um lobo, achamos que deverá ser mais ou menos a mesma coisa. Pelo menos dois meses até que o membro não necessite de cuidados continuados”, salientou.
Enquanto isso, o contato com os humanos é restringido ao mínimo. O jovem animal está numa jaula própria para lobos e só vê os médicos durante os períodos de alimentação e medicação.
Se recuperar bem, este poderá vir a ser o primeiro lobo a ser devolvido à natureza nestas circunstâncias.
“O ideal, do ponto de vista teórico, seria recolocá-lo na natureza. Contudo, temos que ver qual será a sua função, dependendo inclusive do tempo que ele estiver afastado do próprio meio e da capacidade de se integrar na comunidade”, referiu José Paulo Pires, do Instituto de Conservação da Natureza (ICN).
Tudo está dependente da recuperação do animal, do estado sanitário e da capacidade biológica de sobrevivência do próprio lobo.
Se não puder regressar ao seu habitat natural, poderá ter de ser colocado num centro de recuperação de animais ou ser utilizado para educação ambiental.
José Paulo Pires referiu que a população lupina está mais ou menos estável em Portugal. Neste momento, devem existir cerca de 300 lobos a norte do rio Douro.
Nos últimos quatro anos, o CRAS da UTAD tratou uma média de 200 animais, 90 por cento dos quais aves, provenientes do Norte e Centro do país. Os ferimentos estão na maior parte dos casos relacionados com a atividade humana, como tiros, atropelamentos ou a manutenção em cativeiro.
Mas, segundo Filipe Silva, a eletrocussão é também uma das causas dos ferimentos dos animais.
De acordo com o responsável, dos animais tratados, cerca de 70 por cento são devolvidos à natureza.
Fonte: RTP

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