sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eduardo Pires: “Já fui mais romântico”


O ator fala sobre o namoro, as dificuldades na carreira, cena polêmica em filme e conta como se tornou vegano
POR JONATHAN PEREIRA; FOTOS: DRICA DONATO/DIVULGAÇÃO, MUNIR CHATACK E MICHEL ÂNGELO/TV RECORD
Eduardo Pires está contente com seu atual momento profissional. Depois de dois anos fora do ar, o ator recebe o reconhecimento do público juvenil ao interpretar o professor Vicente da novela “Rebelde”, permanecendo no elenco da segunda temporada. Aos 31 anos, ele poderia ser confundido com um dos alunos da trama, devido à aparência de mais jovem. Por enquanto, garante que parecer mais novo não tem atrapalhado sua carreira.
Nessa entrevista a QUEM, o ator, que pensa bastante enquanto dá suas respostas na busca pelas palavras que melhor traduzam o que quer dizer, fala sobre o namoro de quase dois anos, a vontade de formar uma família, o início da carreira, o assédio das fãs, a cena de beijo em Daniel de Oliveira no filme “Cazuza – O Tempo Não Para” – no qual ele interpretou Serginho - e conta o motivo que o levou a se tornar vegano. Leia o que Eduardo respondeu sobre cada um desses assuntos:
Início da carreira
“Eu estava no 2º ano do Ensino Médio e imitava os professores. Onde eu estudava tinha muita gente ligada às artes, música e teatro. Umas colegas de turma diziam ‘você tem talento, deveria fazer teatro’, mas não dei muita bola. No terceiro ano prestei vestibular, não passei, no ano seguinte fiz cursinho e não passei. Não estava muito a fim de Arquitetura, então fiz um curso de teatro para ver se eu gostava. No final o professor convidou algumas pessoas para produzir profissionalmente a peça, e nesse meio tempo entrei para a CAL (Casa de Artes de Laranjeiras). Fiz uma participação em ‘Carga Pesada’ (2003) e no ano seguinte estreei em novelas em ‘Começar de Novo’”.
Michel Angelo
 
Apoio familiar
 
“Quando escolhi essa profissão não teve nenhuma tempestade, mas meu pai virou e falou: ‘tem que estudar, tem que ler muito e se dedicar. Não quero que você vire um vagabundo’. Ele tinha medo que eu ficasse de papo pro ar. Como nunca fui um malandrinho, ele acreditou em mim e me apoiou. Quando fiquei sem trabalho, sem dinheiro, tive muito apoio da minha família. Fiquei na casa da minha mãe no período que estive desempregado.”
 
Novela
‘Rebelde’ é um trabalho muito especial para mim, o reconhecimento está sendo enorme! É um público muito fiel e empolgado, que compra revista, se interessa pelos atores, não só pela novela. O Vicente é um personagem muito carismático, ele é poético, em parte cômico, muito rico. Estava precisando trabalhar, fiquei uns dois anos sem fazer novela, queria voltar. Bati na porta da Record pedindo emprego, dizendo ‘preciso trabalhar, por favor’. Me apresentaram ‘Rebelde’, fiquei muito feliz, sabia que era uma novela com muito potencial. Tenho muita gratidão pela Record, não canso de falar isso com o peito aberto, tenho o maior carinho e respeito possível.”
Michel Angelo
Comédia ou drama?
“(pensa). Gosto das duas coisas, tenho verve para as duas, transito bem entre os dois gêneros. Não sou um comediante, mas sou um ator que faz comédia. Acho que fiz mais drama.”
Assédio
“A novela aproxima muito as pessoas, elas vêm falar comigo como se fossem íntimas, acho muito legal. A fama não me deslumbra, não é o meu objetivo. Há pessoas que gostam disso, que se satisfazem. Faz parte da minha profissão, preciso disso também para ser reconhecido, então uso de forma muito pragmática. Já chegou gente para falar comigo quando eu não estava num bom dia. Não fui tão simpático como deveria, mas não tratei mal.”
Beijo gay no filme “Cazuza”
“Não teve dificuldade, e a possível reação do público nem me passou pela cabeça. Era o meu trabalho, para mim não é um bicho de sete cabeças. Não sou homossexual, sou hétero, era uma boca, e isso não me afetou em nenhum momento. Era a boca do Daniel de Oliveira, não tive nojo, nem fiquei constrangido. Era um sonho para mim fazer o filme, um divisor de águas na minha vida, meu primeiro trabalho com aquelas dimensões de alcance e de profissionais. Estava trabalhando com Sandra WerneckWalther CarvalhoAndrea Beltrão, seria um pecado se eu tivesse receio, não poderia estar ali se tivesse algum tipo de trava para fazer o Serginho.”
Vegano
“Assisti a uma palestra sobre poder da mente, física quântica e, em determinado ponto, o palestrante disse que o homem do terceiro milênio não comeria mais os animais, pois hoje em dia a indústria agropecuária causa muito sofrimento a eles. Como sempre gostei de animais, decidi não comer mais o que vinha deles. Umas amigas me indicaram o filme ‘A carne é fraca’, tem no Youtube. Além do sofrimento dos animais, há um dano ambiental que você não faz ideia. As queimadas na Amazônia poluem mais que todos os veículos do mundo juntos, e 90% das queimadas lá são para criação de gado. Não posso contribuir com essa destruição toda, não posso contribuir com esse comércio. Fora os malefícios que isso causa para a saúde, que não sabemos quais são, ao ingerir carne de frango e de porco, por exemplo,com essa quantidade de anabolizantes e remédios. A criação de Chester então, é demoníaco, é absurdo. Não tenho mais estômago, não desce, olho para uma carne e me trava a garganta. Daí decidi não comer animais. Não uso couro, dei roupas,sapatos e carteiras de couro, doei tudo para o Instituto de Defesa dos Animais do Rio, para arrecadarem fundos em bazares.”
Aparência mais jovem
 “As pessoas sempre ficam surpresas (ao saberem que ele tem 31 anos), muito (risos). É relativo (pensa). Até agora não tem me atrapalhado, não pego personagem que tem aparência de mais velho, mas pego o que tem minha aparência. Para o Vicente eu queria ter um aspecto de mais idade. Mas não tem atrapalhado. Uma hora vou parecer velho. Quando tiver 40 vou parecer 30, não tem jeito.”
Vaidade
“Sou vaidoso sim, gosto de me cuidar. Agora dei uma relaxada, estou sem fazer exercício há quase um ano, isso me incomoda, pois vejo meu corpo fora de forma. Isso pela aparência, de olhar no espelho e pensar ‘olha, que barriga’. É uma questão de autoestima, de não estar me amando. E gosto de me vestir bem.”
Drica Donato/Divulgação e Munir Chatack/TV Record

Namoro
“(pensa). Está fazendo 1 ano e 9 meses. Nos conhecemos assim: para fazer o Vicente, quando eu soube queele era fotógrafo, fui fazer um curso de fotografia básico. Estava no workshop, um amigo me viu falando do curso e ele estava com um projeto de intervenções urbanas meio teatral, meio artes plásticas na rua e chamou algumas pessoas para fotografar, para ter a visão de cada um do trabalho. Ele queria fotografar atores modificando locais de passagem, como pontos de ônibus. Quem estava com ele era a Cinthia (atriz). Na hora que ela veio e começou a falar, me apaixonei. Comecei a frequentar a casa dela. Depois que tudo acabou, me chamaram para fazer parte desse coletivo artístico, formaram a equipe ‘Pause’. A gente acabou ficando e namorou. Depois fizemos outros projetos, como uma exposição de artes plásticas no Circo Voador.”
Casamento?
“Tenho planos de casar com ela, mas não agora. Conversamos seriamente sobre isso. Achamos que não é o momento ainda, precisamos sedimentar algumas coisas na profissão e na relação. Filhos eu quero, mas mais para a frente ainda, ela já tem um filho. O Leo tem 5 anos e me adora, treino ser amigo dele. A minha disposição para com ele é de afeto, amizade, carinho. Fiz questão de ter essa postura, porque ele tem pai muito presente na vida dele, um ótimo pai.”
Romantismo
“Eu já fui mais romântico, hoje em dia... No começo do namoro, a gente é mais. Mesmo assim mando mensagens pelo celular dizendo que amo, passo de surpresa na casa dela ra jantar em um lugar legal. E levo o chocolate que ela gosta".
Horas vagas
"Gosto de ir ao teatro, sair para jantar com minha namorada, com amigos, ler. Já escrevi versos e poesias para mim. Não tenho a menor vontade de virar escritor ou poeta, sei que minha onda não é essa. E faço terapia há 3 anos por causa do sofrimento, angústia, neurose da existência, de não estar conseguindo viver essa vida".

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