sexta-feira, 11 de maio de 2012

Rússia consome seis vezes mais casacos de peles do que produz


Durante séculos, as peles foram um cartão de visita da Rússia e um dos principais itens de exportação. Hoje, o país consome seis vezes mais do que produz. As peles russas estão presentes principalmente no mercado nacional e a própria atitude em relação a estes famosos casacos começou a mudar, pois, cada vez mais, são ouvidos apelos para que estas roupas sejam deixadas de lado por razões éticas. Mas os argumentos dos defensores dos animais são contrariados pelos partidários das peles naturais.
A indústria mundial de peles está vivendo um novo boom. Este ano, as semanas de moda em Paris, Milão e Nova York foram chamadas por alguns observadores de reino das peles. Aproximadamente, dois terços dos costureiros incluíram peças em pele em suas coleções. Um dos líderes da tendência é Jean-Paul Gaultier. Na década de 1990, quando a maioria das estrelas de cinema e show business considerava de bom tom anunciar publicamente a renúncia total aos produtos de pele, tal era impossível. Agora, porém, as prioridades estão mudando gradualmente, diz o presidente da União Russa de Peles, Serguei Stolbov. "Ultimamente, a moda ambiental está passando, eu estou falando de moda do vestuário, etc. Está ganhando mais força o movimento de volta à natureza, como os hippies dos anos 60. Ou seja, materiais artificiais não são bem-vindos. Além disso, é claro, na produção de peles naturais o ambiente não sofre porque, se as empresas de peles produzem, elas, naturalmente, fazem-no em conformidade com todos os requisitos ambientais."
A mudança de atitude dos consumidores em relação às peles naturais é, em grande parte, resultado das campanhas conduzidas por empresas na Europa e América para melhorar a imagem da indústria. Poucas pessoas sabem que entre 40 e 50 milhões de animais são mortos anualmente por suas peles. Estes são dados da Federação Internacional para o Comércio de Peles (IFTF).
Os principais fabricantes são a Finlândia, a Dinamarca, a China e o Canadá, onde as peles, juntamente com as florestas e a pesca, são um dos principais itens de exportação. A Rússia é responsável por apenas três milhões de peles. Trata-se principalmente de doninhas, raposas-do-ártico e raposas europeias. O principal argumento do lobby da indústria de peles é o caráter natural e ecológico das peles em comparação com os substitutos sintéticos, na produção dos quais se polui o meio ambiente. Os defensores dos direitos dos animais refutam completamente estes argumentos. Diz o promotor de campanhas da associação espanhola de proteção dos animais Libera, Rubén Pérez. "As peles não são um produto ecológico, elas são tóxicas, porque em seu processamento devem ser usadas substâncias bastante nocivas, incluindo agentes cancerígenos."
No entanto, os adversários das peles e os defensores dos direitos de animais estão muito mais indignados com o tratamento dispensado aos bichos. Infelizmente, ao contrário do Ocidente, na Rússia ainda não existe lei que proíba a crueldade em relação aos animais. A presidente do Centro de Defesa de Animais, Vita Irina Novozhilova, diz que os produtores, em vez de melhorar as condições de vida dos animais, estão envolvidos na lavagem do cérebro dos consumidores. "As pessoas acreditam que tudo acontece de forma bastante humana. Os animais vivem em fazendas até que chega o tempo de serem mortos e acredita-se que isso é feito com bastante humanidade. Quando eu começo falando do arsenal de métodos de abate, eles, naturalmente, ficam completamente chocados porque nisso são usados venenos, fraturas de vértebras cervicais, armas de fogo, uma massa de técnicas que não pode garantir uma morte humana."
Do ponto de vista dos ecologistas, a única solução é uma rejeição completa do uso de peles em favor de tecidos vegetais e sintéticos, que também são muito bons em conservar o calor. Os ecologistas sustentam que as peles artificiais se decompõem num período de tempo de 500 a 1.000 anos.

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