quinta-feira, 21 de junho de 2012

Praça vira ponto de abandono de animais em Belém

Mais de 50 gatos estão vivendo em caixas de papelão jogadas no local.
Cachorros que estavam na praça já foram resgatados pela população.


Mais de 50 gatos, entre filhotes e adultos, estão há mais de um mês na praça Dalcídio Jurandir (Foto: Nathiel Moraes/G1)
A praça Dalcídio Jurandir, no bairro da Cremação, em Belém, está se tornando um ponto de abandono de animais. Localizada na avenida Alcindo Cacela, entre a rua São Miguel e avenida Fernando Guilhon, o local abriga atualmente mais de 50 gatos.
De acordo com Fernando Rodrigues, morador do bairro, os animais já estão lá há mais de um mês. "A minha esposa compra ração pra eles, e todos os dias eu venho aqui deixar. Tinham alguns cachorros aqui também, mas eles já foram levados por moradores aqui da área mesmo. Mas eles já estão nessa praça há bastante tempo", conta.
Uma torre de caixas de papelão serve como abrigo para uma gata e seus filhotes, que ainda estão no local. Vários filhotes já morreram, mas os corpos ainda não foram retirados das caixas. Segundo Rodrigues, nenhum órgão oficial da cidade apareceu para resolver a situação.
Centro de Zoonoses recolhe animais e faz controle de natalidade em Belém
Em casos de animais encontrados em situação de abandono, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Belém explica que, num primeiro momento, as pessoas não devem mexer nos bichos. "Quando alguém encontra um animal abandonado nas ruas, a tendência é que as pessoas levem para casa, para tentar ajudar. O que sempre recomendamos é que antes de tocar no animal, a pessoa entre em contato com o CCZ para que as equipes façam o resgate", explica a diretora e médica veterinária do CCZ, Regina Perezino.
Depois que os animais são recolhidos pelo Centro, segundo Perezino, eles recebem os cuidados necessários até que estejam recuperados totalmente. "Eles permanecem no CCZ até serem adotados. Isso pode demorar um mês ou um ano, mas eles permanecem no Centro", conta a diretora. Segundo ela, os animais do CCZ só são sacrificados quando apresentam alguma doença infecciosa, que põe em risco os outros animais abrigados nos canis. "Não sacrificamos animais saudáveis. Se tiver algum jeito de salvar, nós salvamos", afirma.
A castração de cães e gatos é uma das formas de controle de natalidade que colabora para evitar esse tipo de situação, de acordo com o CCZ. O serviço é oferecido gratuitamente pelo Centro a famílias que tenham renda mensal de até dois salários mínimos. "A pessoa deve ligar e se cadastrar. A partir daí mandamos um agente até a casa dela, para verificar se a família preenche os requisitos do programa. Depois da liberação, agendamos um dia para realizar o procedimentos em todos os animais que a família tiver cadastrado", explica a diretora do CCZ.
Abrigo e associações em prol de animais contam com voluntários para amenizar a situação
Para tentar melhorar a situação dos animais abandonados em Belém, muitas associações e abrigos em prol da causa se formaram na capital paraense. A Associação Amigos dos Animais (AMA) e o abrigo Casa da Tuti foram algumas das primeiras iniciativas que surgiram em Belém.
Em 10 anos de atuação, a fundadora e presidente da AMA, Graça Alves, conta que o trabalho iniciou de forma discreta. "Tudo começou comigo mesmo, cuidando sozinha dos animais, tirando eles da rua e levando para minha casa", lembra. Com o tempo, outras pessoas foram aderindo à causa, até que foi criada a Associação. "Comecei a conhecer gente que também ama os animais tanto quanto eu, e nos agregamos para nos ajudar, porque manter um trabalho assim é muito caro", afirma.
Atualmente, Graça abriga 27 animais em sua própria casa, e conta com o apoio de voluntários que formam uma rede de abrigos temporários. "Temos várias casas cadastradas como abrigos temporários, até que os animais encontrem um lar definitivo. E essa solidariedade é fundamental para que a gente dê continuidade ao trabalho", explica.
Solidariedade é o mesmo fator que motiva o trabalho de Maria de Jesus Bentes, fundadora do abrigo Casa da Tuti. Há 22 anos trabalhando em prol dos animais, dona Jesus, como é conhecida, também começou trabalhando sozinha, recolhendo todos os animais que encontrava pelas ruas. "O mais importante para mim é realmente fazer, e não só querer ajudar, por isso sempre recolhi todos os animais que encontrei. É um trabalho árduo, mas graças a ajuda das pessoas, a gente consegue", comenta.
A Casa da Tuti abriga animais abandonados em Belém (Foto: Casa da Tuti/Arquivo Pessoal)
Para ela, ser responsável por um animal é uma decisão muito séria. "Ter um animal é uma decisão que muda sua vida toda, imagine então, ter um abrigo com centenas deles. São vidas que dependem de você, e que você passa a amar e a fazer de tudo para oferecer um ambiente digno para que eles fiquem sempre bem alimentados, em um local limpo, com gente para tratar e cuidar dos animais", afirma.
Porém, mesmo com toda a ajuda de voluntários e pedidos diários por doações, realizados por dona Jesus nas redes sociais, a Casa da Tuti corre o risco de fechar as portas. Atualmente, 288 cães e 53 gatos estão abrigados no local. "A gente conta apenas com a ajuda de voluntários para nos dar ração, medicamentos, doações em dinheiro, e tudo o mais, inclusive para pagar os funcionários do abrigo. O custo de manutenção disso é muito alto, é uma luta diária que a gente tem que enfrentar", diz.
Mesmo diante desta situação, dona Jesus tem planos grandiosos para a Casa da Tuti, como a abertura de uma clínica veterinária dentro do abrigo, para atender os animais que moram no local e também qualquer outro que procure pelo atendimento. "Queremos atender o maior número de animais possível, sem discriminação. Nosso serviço é de utilidade pública, e principalmente, de amor pelos animais", conta.
Adoção de animais pode ser uma boa solução para evitar abandono
A decisão de adotar um cachorro surgiu por um acaso na vida da cirurgiã-dentista Mariana Melo. "Eu realizava atendimentos comunitários, no bairro do Guamá, e tinha uma cadelinha grávida perto da vila onde ficava o consultório. Quando ela teve os filhotes, o dono da vila começou a dá-los pra qualquer um, até que um dia, um dos moradores disse pra mim: 'Se você não levar esse cachorro hoje, vou jogar ele fora', e colocou o filhote num saco. Não pensei duas vezes, e trouxe ele para casa".
Mariana conta que, no início, a mãe dela reclamou um pouco do novo integrante da família, chamado de Gohan. "Como minha mãe nao queria, combinei de ajudar a manter o cachorro e ele ficar na casa de um amigo meu. Depois, o Gohan começou a passar alguns finais de semana comigo, e minha mãe foi se apaixonando. Agora ele mora com a gente, e se passa alguns dias fora daqui, minha mãe vai logo buscá-lo", conta.
Ter adotado um cachorro sem raça definida (SDR), como são categorizados os famosos vira-latas, foi uma decisão que surpreendeu a própria dentista. "Antes do Gohan eu prefiria cachorros comprados, porque eu achava que cachorro era bom porque era bonito, porque tinha raça. Agora é totalmente diferente, acho o Gohan o cachorro mais bonito do mundo! Acredito na adoção como uma alternativa para os bichinhos que estão sofrendo na rua, e que a gente pode ajudar", explica.
Serviço
O Centro de Controle de Zoonoses pode ser acionado pelo telefone (91) 3227-2088. Quem quiser, pode visitar os animais do CCZ de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. Para adotar um animal do Centro, basta ir até a sede, que fica na rodovia Augusto Montenegro, km 11, em Icoaraci, e se cadastrar com comprovante de residência, RG e CPF. O cadastro é aberto apenas para pessoas maiores de idade. Todos os animais adotados no Centro saem de lá vacinados, vermifugados e castrados.

Quem quiser colaborar ou se associar à Associação Amigos dos Animais (AMA), pode entrar em contato com a presidente da Associação, Graça Alves, no telefone (91) 8111-4788.
Para ajudar a Casa da Tuti, basta entrar em contato com Maria de Jesus Bentes, fundadora do abrigo, através do telefone (91) 9196-8260.
fonte: g1.globo

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