sábado, 21 de julho de 2012

Capivaras que vivem ‘espremidas’ causam polêmica

Rio Preto / São Paulo

Uma polêmica ganhou espaço e abriu rodas de debates desde a última sexta-feira, em Rio Preto. A prefeitura começou a instalar grades ao redor dos Lagos 2 e 3 da Represa Municipal para evitar que as capivaras, que vivem no local, invadam ruas e avenidas, sendo vítimas de acidentes.
O problema é o espaço reservado para as capivaras, considerado pequeno. Em alguns trechos, a distância da grade à margem é menor um metro. Serão 4,2 mil metros de grade que vão cercar a Represa. O serviço vai custar R$ 336 mil e de deve ser concluído até setembro.
A medida não foi bem recebida por biólogos, que consideram a atitude irregular e inapropriada para o animal. A Secretaria de Meio Ambiente, no entanto, rebate dizendo que as cerca de 150 capivaras não serão prejudicadas.
O zoólogo Arif Cais, da Unesp de Rio Preto, diz que o correto seria retirar os roedores da Represa. “Elas têm carrapatos que podem transmitir febre maculosa. O local não é apropriado para capivaras. O certo é tirá-las da Represa com autorização do Ibama e soltá-las no meio ambiente”, diz.
Arif explica que a alimentação dos animais será prejudicada pela falta de espaço. “Vai prejudicar o ambiente e a capivara não vai se alimentar. Não é a solução definitiva”, afirma.
Adalberto Amaral, que faz parte da Ajudaa, ONG protetora dos animais, foi o único a concordar com a decisão. “A solução atende a exigências legais. Como elas [capivaras] são silvestres podem descer e subir o rio”, afirma Amaral, que é candidato a vereador pelo PSB, partido do prefeito Valdomiro Lopes.
O biólogo Douglas Alexandre Leonel diz acreditar que a cerca ajudará a evitar acidentes, mas o espaço para os roedores é pequeno. “O gradil é uma construção viável. Mas, na prática, estão colocando as grades a um metro de distância da margem da Represa. Vai provocar um estresse no animal, que vai perder o habitat”, diz. Pelo menos 13 portões serão instalados na Represa Municipal, que ficarão fechados com cadeados. A grade tem um metro de altura e malha de 10 centímetros. A empresa que venceu a licitação da prefeitura é a paulistana Shopsigns.
Outro lado
O engenheiro César Passarelli, que trabalha na Secretária de Meio Ambiente e Urbanismo, diz que, em alguns pontos, como em frente ao Júpiter Olímpico e ao Sesi, haverá mais espaço para as capivaras, com uma distância que varia entre 5 a té dez metros entre o lago e a grade “Está estreito em alguns pontos, mas vamos deixar mais largo em alguns pontos para que o animal possa buscar alimentos”, diz.
Passarelli disse também que, na falta de grama para pastagem no Lago 2, os animais poderão ir para o Lago 3. O Lago 3 também será cercado e, em quase toda extensão, também terá aproximadamente um metro de distância entre o lago e a grade.
O engenheiro afirmou ao BOM DIA que a decisão em cercar os lagos surgiu após as “invasões” das capivaras. “Os animais atravessavam a avenida, entravam em casas e terrenos e eram atropeladas. Isso não vai acontecer mais”, diz. A Secretária de Meio Ambiente e Urbanismo informou ao Bom Dia que cerca de 40 metros de cerca estão sendo instaladas por dia.

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