terça-feira, 10 de julho de 2012

Fotógrafo conta a história de cães abandonados condenados à morte

Abrigo em Taiwan


Fotografia capta momentos antes da morte (Foto: Tou Chih-kang)
O fotógrafo Tou Chih-kang coloca cuidadosamente um pequeno filhote sem raça definida em uma plataforma improvisada em um abrigo animal no norte de Taiwan. O cão parece ter dois meses de idade, com olhos alertas e confiantes, e um pelo marrom brilhante.
Tou Chih-kang captura expressões, personalidade. Ele cria o tipo de fotos que qualquer tutor gostaria de ter. Esse filhote não tinha tutor e nunca terá um. Uma vez que essa foto foi tirada, ele foi levado embora por veterinários para ser eutanasiado.
Tou tem registrado os últimos momentos de cães no abrigo de Taoyuan, de Taiwan, há dois anos. Ele fotografou cerca de 400 cães, na maior parte abandonados pelos seus próprios tutores. Para ele o trabalho é emocionalmente desgastante, mas ele está tentando espalhar uma mensagem de responsabilidade.
“Eu acredito que as coisas não devem ser ditas, mas sim sentidas”, disse Tou, um homem de 37 anos de idade e um ar de calma confiança. “E eu espero que essas imagens venham despertar as pessoas para contemplarem e sentirem por essas vidas infelizes, e entenderem a desumanidade da nossa sociedade para com eles”.


(Foto: Tou Chih-kang)
As suas fotografias são dimensionadas e emolduradas em estilo poético como os retratos formais antigos, de 100 anos atrás, que pretendiam conceder dignidade e prestígio para o assunto ou personagem. Em muitas das fotos, os animais são colocados em ângulos que os fazem parecer quase humanos.
Neste ano, as autoridades tailandesas irão eutanasiar um número estimado de 80 mil cães abandonados. Defensores dos animais dizem que o fenômeno generalizado – a população humana de Taiwan é de 23 milhões de pessoas – reflete a cultura ainda imatura das pessoas quanto à tutela dos animais, e a crença entre a população majoritariamente budista de que os cães são reencarnações de humanos que se comportaram mal em uma vida anterior.
Parece, a julgar por muitas lojas em Taiwan que vendem roupas e acessórios sofisticados para cães, que a sociedade de Taiwan valoriza e mima os seus animais, e alguns realmente o fazem. Mas muitos abandonam os animais de estimação nas ruas assim que o seu entusiasmo inicial se esfria.
“Os animais são vistos como brinquedos, não para serem levados a sério”, diz Grace Gabriel, diretora regional da Ásia para o Fundo Internacional de Bem-Estar Animal de Massachusetts.
Ativistas dizem que 70 por cento dos cães dos abrigos tailandeses são mortos após um período de 12 dias, apesar dos esforços do governo em encontrar lares para adotá-los. Grace diz que os cães nos abrigos americanos são menos propensos a serem eutanasiados, enquanto milhões de gatos continuam sendo sacrificados todos os anos.
Os cães que vagam em Taoyuan são apanhados pelas patrulhas financiadas por governos locais, formadas por trabalhadores equipados com cabos de aço e redes grandes.
Foto: Tou Chih-kang
Há cães de todos os tamanhos e tipos. Alguns são jovens e ativos, outros grisalhos, apáticos e mal tratados. Depois que Tou os fotografa, são levados por veterinários para uma volta breve em torno de um pátio gramado, e em seguida vão para uma pequena sala que se parece com uma clínica, onde são mortos por injeção letal.
Tou, que usa o nome artístico de Tou Yun-fei, diz que começou o seu projeto porque a mídia tailandesa não estava prestando a atenção suficiente para a situação dos cães. Ele diz que não é tutor de animais, mas o problema tem atormentado a sua consciência.
Ele diz que alguns dos seus amigos se recusam a até mesmo olhar para as suas fotos, enquanto outros disseram que as imagens os ensinaram a ter uma tutela mais responsável dos seus animais.
Cerca de 40.000 fotos do trabalho de Tou deverão ser exibidas neste mês de agosto em sua primeira exposição em grande escala, no Museu de Belas Artes da cidade de Kaohsiung, ao sul de Taiwan.
Algumas fotos já estão em exibição na Prefeitura de Taoyuan, como parte de uma tentativa de sensibilizar os cidadãos para as responsabilidades envolvidas na criação de um animal de estimação.
“Eu me considero um veículo e procuro fazer com que, através da minha fotografia, mais pessoas estejam cientes desse problema”, diz ele. “Eu acho que é o meu papel”.
Veja mais imagens acessando a galeria de fotos.
fonte:anda


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