sábado, 4 de agosto de 2012

Golfinhos demonstram princípios de cultura formando panelas por gostos parecidos


Foto: Reprodução/Hype Science
Conforme estudam os animais, os pesquisadores ficam cada vez mais fascinados com as semelhanças entre nós e eles. Claro, também somos animais, mas os mais inteligentes do mundo, o que parece nos separar abismos do resto dos nossos colegas.
Ainda assim, uma das características mais marcantes de nossa espécie, a cultura, parece não ser exclusiva.
Há pouco tempo, pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, descobriram que os chimpanzés têm um comportamento muitas vezes guiado por diferenças culturais.
Eles analisaram três grupos de animais que viviam próximos e cruzavam entre si, o que significa que não há muita diferença genética entre eles, e notaram que mesmo assim tinham comportamentos diferentes: eram três grupos culturais diferentes.
Agora, nosso conhecimento vai além: descobrimos que não são somente os animais que tem 99% do nosso código genético que possuem cultura. Os golfinhos também.
Os golfinhos frequentam as listas de mais inteligentes do Reino Animal o tempo todo. Eles têm uma vida incrivelmente sociável (existe até violência entre esses animais, o que os tornam mais parecidos conosco do que imaginamos), e evidências indicam que eles têm uma linguagem própria, sofisticada, que ainda não conseguimos desvendar.
Eles também sabem se reconhecer, um feito reservado para os animais de grande inteligência, e fazem sexo apenas por prazer, algo raríssimo.
Panelinhas de golfinhos
Um estudo da bióloga comportamental Janet Mann da Universidade Georgetown em Washington (EUA) no Balneário dos Tubarões, na Austrália, descobriu que grupos de golfinhos pareciam estar formando panelinhas conforme um certo comportamento cultural: o uso de esponjas para encontrar comida.
Esponjas são invertebrados que podem ter várias formas e tamanhos, mas tendem a parecer esponjas, porque são porosos.
Alguns golfinhos usam as esponjas marinhas, colocando-as em seus bicos, para vasculhar o fundo do mar atrás de peixe para comer.
Usar esponjas é uma tática de caça complexa, passada de mãe para filho. Trata-se da aprendizagem de onde esponjas crescem, como escolher o caminho certo, como coletar uma esponja intacta do fundo do mar, e como usá-la em seus narizes para encontrar peixes escondidos na areia.
Ao observar os golfinhos da baía, no começo, a pesquisadora achou que os animais que usavam esponjas tendiam a ser solitários; que eles não estavam interessados em uma vida social. Ao longo de 22 anos de pesquisa, entretanto, um padrão surgiu. “Parecia que os golfinhos que usavam esponjas procuravam passar tempo com outros que tinham o mesmo comportamento”, disse Mann.
Dos 36 animais, machos e fêmeas, que usavam esponjas e se associavam com outros animais, 28 fêmeas formaram grupos fortes, ou panelinhas, com outros animais que usavam esponjas, e os oito machos restantes tendiam a associar-se com animais que não usavam esponjas.
“O fato de um comportamento socialmente aprendido unir animais é uma distinção importante da forma como outros animais formam grupos”, diz Mann.
Segundo ela, circunstâncias tais como ter uma fonte de alimento em comum ou aprender comportamentos com outros podem levar os animais a formar um grupo, mas se juntar por causa de comportamentos semelhantes aprendidos em outros lugares (que não dentro do grupo) torna a situação australiana um evento cultural inédito entre os animais.
É exatamente o que acontece às vezes com os seres humanos: pessoas que gostam de rock ou de determinada banda, por exemplo, formam panelas, mesmo que não tenham aprendido a gostar de tal coisa juntos, ou que não tenham objetivos comuns; essas pessoas gostam de passar tempo juntas apenas porque têm comportamentos e gostos parecidos.
Foto: Reprodução/Hype Science
Fonte: Hype Science

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