quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mel: relato de um ex-apicultor brasileiro sobre a crueldade envolvida na produção


Entenda por que veganos não consomem mel
Muitas pessoas desconhecem os motivos pelos quais veganos não consomem mel. O depoimento do jovem Leandro Petry, de Lajeado-RS, vai ajudar você a entender melhor sobre a crueldade envolvida na produção deste “alimento”. Além do fator ético, o mel não é um “alimento” tão inocente quanto sempre nos fizeram acreditar. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não recomenda a injestão de mel por crianças abaixo de um ano. O objetivo da orientação é prevenir a ingestão de esporos da bactéria Clostridium botulinum, bacilo responsável pela transmissão do botulismo intestinal (veja aqui).
Abelhas sentem dor?
Sim. Abelhas e outros insetos sentem dor, segundo pesquisador da USP. A matéria foi publicada em setembro de 2011 e explica a conclusão do fisiologista Gilberto Xavier. Leia aqui.
Confira na íntegra o depoimento do ex-apicultor – hoje vegano – Leandro Petry:
“Por um período de cerca de 6 anos, participei da extração de mel de modo bem “artesanal”, mas que pouco difere do modo profissional, uma vez que os equipamentos para tal atividade são baratos e de fácil aquisição. Por período de tempo que não me recordo com exatidão, vi também outras pessoas compartilharem desta prática, sendo que algumas delas a faziam com finalidade comercial. A prática que ainda é vista de maneira passiva quanto ao bem estar das abelhas e, até mesmo, do meio ambiente, de responsabilidade ambiental pouco tem e a compaixão para com os animais, é inexistente. No texto adiante, relato minha experiência com a apicultura no pequeno intervalo em que me encontrei como colaborador da prática.
A fase inicial consiste em acender a brasa dentro do fumigador. O material utilizado para a combustão varia. No nosso caso, usávamos palha e sabugo de milho triturado na maioria das vezes, mas houve casos em que um pouco de serragem foi adicionado. A fumaça sempre esteve longe de ser suave, muito pelo contrário, era densa e de difícil inalação, tanto que, o mais leve dos ventos, ao carregá-la para próximo de nossos olhos, causava profunda irritação e logo desatávamos a lacrimejar. Para as abelhas então, a menor das baforadas, tombava-as ao chão onde permaneciam por longo período, contorcendo-se e, não raramente, acabando por morrer.

Sua morte e sofrimento não eram apenas provenientes da asfixia pela fumaça, mas também porque a fumaça, logo que sai da fonte, é muito quente, e com isso acabava matando e torturando também pela queima.

Após vestirmo-nos e o fumigador encontrar-se apto para o serviço, passávamos a abrir as caixas onde se encontravam as colmeias. Primeiro, dávamos uma baforada na abertura por onde as abelhas tinham o acesso do meio interno ao meio externo, e vice-versa, da coméia para que não saíssem da mesma e nos atacassem. Esse era o nosso “cartão de visitas”, e já ele deixava claro o quão mal fazia a fumaça aos pequenos insetos, pois, a partir daquele momento, tornavam-se muito agitadas e agressivas e alguns indivíduos eram mortos. Na sequência, a caixa era aberta. Logo que isso era feito, mais vezes o fumigador era posto para trabalhar, porém agora diretamente sobre as abelhas, as larvas e os ovos e todas as demais estruturas da comeia. O objetivo era fazer com que se não pudessem voar e, novamente, nos atacar, não obstante, muitas o faziam, mesmo muito atordoadas e intoxicadas, e frequentemente acabavam por cair no chão e ali agonizavam, muitas vezes até a morte.
Após toda essa agressão de nossa parte, passávamos a tirar os favos de mel e logo íamos à procura das celas que continham a geléia real e as larvas que dariam origem às próximas rainhas para que matássemos a mesmas, impossibilitando a formação de novos enxames e um possível enfraquecimento do atual. Nessa parte, matávamos muitas abelhas, pois esmagávamos muitas com as nossas mãos e com os instrumentos usados na etapa em questão, além do número de insetos mortos que aumenta devido também ao uso do fumigador.


A etapa seguinte era a centrifugação dos favos para a retirada do mel. Isso sempre era feito pela noite, pois então as abelhas estariam menos agressivas e estão podíamos nos vestir com roupas “normais”, pois com elas ficávamos mais a vontade, e nos tranquilizar quanto à possibilidade de sermos ferroados. Mesmo tentando retirar todas as abelhas dos favos, muitas neles permaneciam e eram postas justo no centrifugador, onde, mais uma vez, morriam em grande número, fosse por afogamento no próprio mel que elas haviam fabricado fosse por esmagamentos nas engrenagens da máquina utilizada nesta etapa.

A extração do mel sempre esteve longe de ser gentil e de não gerar morte e sofrimento
às abelhas.

Deveria mais era ser caracterizada como um roubo, uma vez que a própria palavra “extração”, ou “retirada”, não tem competência etimológica para designar a falta de valores éticos e morais para com os animais que precedem a prática da apicultura. Sendo ela realizada com finalidade comercial ou para consumo próprio, em larga ou pequena escala, com ou sem a utilização do fumigador, etc. Partilho da minha experiência para afirmar, queNÃO, A APICULTURA NÃO É UMA PRÁTICA PACÍFICA E HUMANITÁRIA!
Leandro Petry
Ex-apicultor, ex-piscicultor, ex-pecuarista e ex-avicultor
Hoje Vegano
Lajeado-RS
fonte:vista-se

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