quarta-feira, 12 de setembro de 2012

China começará a adotar métodos que não testam em animais

Por Patricia Tai (da Redação)

Logo "Leaping Bunny", da Cruelty Free International, atesta que o produto é totalmente livre de crueldade. Imagem: Metro UK
Graças à orientação de cientistas patrocinados pelo PETA, as autoridades chinesas estão nos últimos estágios de aprovação do primeiro método de produção de cosméticos livre de testes em animais no país.
O procedimento chamado “3T3 Neutral Red Uptake Phototoxicity”, que testa potencial de toxicidade de produtos químicos quando entram em contato com a luz – e que já é amplamente utilizado nos Estados Unidos e na União Europeia -, está para ser aceito na China até o final do verão.
No verão passado, quando o PETA descobriu que a China vinha fazendo testes em animais solicitados por empresas de cosméticos como a Avon, a Estée Lauder e a Mary Kay, que por anos estiveram na lista do PETA de empresas que não testavam em animais, a ONG contratou cientistas do Instituto In Vitro Sciences, que viajaram à China várias vezes para oferecer a sua experiência e orientação para a substituição dos testes em animais – que são cruéis e não confiáveis – para alternativas modernas que não utilizam animais.
Em seu site, o PETA divulgou satisfação por ter ajudado a promover a aceitação dos testes livres de crueldade na China, e congratulou as autoridades chinesas por atuarem com uma postura aberta no sentido de implementar pela primeira vez uma extensa variedade de procedimentos sem testes em animais.
A implementação do novo procedimento na China não significará a interrupção total do tipo de prática cruel utilizado até então, mas se espera que represente o começo de um avanço gradual em direção a novas posturas.

Coelhos são umas das maiores vítimas dos testes de cosméticos, produtos de higiene e outros itens em animais. Foto: stefan1234/iStockphoto.com
A controvérsia da vivissecção e a importância da China
Embora muitos países já adotem práticas alternativas que não utilizam testes em animais, principalmente na Europa, isso ainda continua ocorrendo em escala preocupante não só no continente europeu como em todo o mundo. Quanto maior o mercado consumidor e quanto mais frouxa a regulamentação, mais grave é o quadro.
Em Fevereiro de 2003, houve um acordo na União Européia para uma interdição de testes em animais. No entanto, o processo é muito lento: a primeira fase da interdição entrou em vigor em 2009, e a última fase (proibição de venda e “marketing” de novos produtos testados em animais) deverá entrar em vigor em 2013. Contudo, atrasos já são previstos. As informações são da Vivapets.
O Reino Unido e a Croácia introduziram interdições totais ou parciais, mas testes em animais de produtos vendidos na Europa continuam. Apenas uma implementação total da interdição da União Européia fará com que cesse a venda de produtos testados em animais.
Não existem restrições aos testes em animais para os cosméticos em muitas partes do mundo, como os EUA, Ásia e Oriente Médio. Na China, sabe-se que os testes são obrigatórios, porém não se encontram informações abundantes na mídia sobre esta lei. Apenas é divulgado de maneira muito discreta que o país, até então, considera importante e necessário, e por isso há uma obrigatoriedade.
Segundo reportagem da Metro UK, há uma população de 700 milhões de mulheres da China e, portanto, não é difícil entender por que as empresas de cosméticos tentam obter uma fatia desse mercado. O risco é que, ao investir neste mercado, as empresas estarão indiretamente subsidiando a manutenção dos testes em animais, mandatórios no país.
Isso significa dizer que, se as coisas não mudarem, empresas de cosméticos que operam globalmente e passam a investir na China, financiam a perpetuação da prática cruel da vivissecção. Há um total de 400 empresas com este potencial. Produtos de empresas como Yves Rocher, Caudalie e L’Occitane recentemente perderam suas etiquetas de “livres de crueldade”, o selo emitido pela Cruelty Free International que atesta que produtos não foram testados em animais, e nem os seus ingredientes. O projeto conduzido pelo PETA com o IIV Sciences e que comecará a ser implementado na China, por conta disso, é de fundamental importância para mudanças de postura significativas em um país de tão grande espectro e visibilidade nas práticas cruéis de testes em animais.
O problema do uso de testes em animais é a falta de uma real visibilidade pública para o horror que acontece dentro dos laboratórios. Quando se faz uma pesquisa procurando por fotos de animais passando por procedimentos de vivisseção, o que se encontra são imagens horríveis, mas todas elas clandestinas, sem menção à fonte ou ao local onde foram tiradas. Não há um número muito grande de imagens e detalhes de experimentos com animais, parece que as fotos que são divulgadas de tempos em tempos se perdem, desaparecem misteriosamente da veiculação na rede.
Mais uma vez, o que dita a invisibilidade do sofrimento de animais explorados pela indústria de cosméticos são interesses econômicos e mercadológicos.
No capítulo de conclusão do livro Quando os Elefantes choram, de Jeffrey Masson e Susan McCarthy, há uma interessante reflexão acerca desse assunto:
“Costuma-se dizer que se os abatedouros fossem feitos de vidro, a maioria das pessoas seria vegetariana. Se o público, em geral, soubesse o que acontece dentro dos laboratórios de experimentação com animais, eles seriam abolidos. Contudo, o paralelo não é exato. Os abatedouros são invisíveis porque o público não quer vê-los (…), os abatedouros permitem visitantes. Os laboratórios onde são feitos os experimentos com animais são notoriamente secretos, proibidos para visitantes. Talvez os que conduzem experimentos saibam que seriam interrompidos se o que fazem fosse conhecido até por outros cientistas. Talvez estejam envergonhados”.
fonte: anda

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