sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Morte de gato jogado de janela de prédio causa revolta

Foto: Reprodução
A morte de um gato, que ainda não se sabe se foi jogado ou se caiu de um prédio na Rua do Imperador – e por pouco não atingiu pedestres que passavam pela calçada – na noite de quarta-feira, causou revolta aos petropolitanos e está gerando polêmica entre autoridades quanto ao emprego da lei sobre maus-tratos aos animais.
Testemunhas que passavam em frente a um edifício na Rua do Imperador, de onde o animal despencou, acreditam que o gato tenha sido atirado de um dos apartamentos e ficaram revoltados. O incidente aconteceu pouco antes das 21h. Antônio Figueiredo e Osvaldo Pitanga passavam pela calçada e por pouco não foram atingidos pelo animal. “Ouvimos um barulho forte e percebemos que alguma coisa tinha sido jogada do prédio. Olhamos pra trás e vimos uma coisa no chão. No primeiro momento, pensamos que fosse um saco de lixo, mas logo percebemos que estava se mexendo. Quando nos aproximamos, vimos que era o gato. Ele ficou uns dois minutos agonizando. Ficamos revoltados. Como é que pode alguém jogar o bicho assim pela janela? Aquele prédio tem marquise, se ele tivesse se desequilibrado, teria caído na marquise, não na calçada”, disse Antônio.
Os amigos ficaram ainda mais revoltados ao acionar a PM e receber como resposta a informação de que o assunto não cabe à Polícia. “Se não cabe à Polícia, cabe a quem então apurar um caso de maus-tratos aos animais? Até onde sabemos, isso é um crime. Estranhamos também o fato de ninguém descer do prédio para procurar pelo gato. Acredito que se ele tivesse caído, o tutor ia procurar. Chegamos a perguntar ao porteiro, mas ele disse que somente dois apartamentos têm gatos e todos estavam bem. É crime o que fizeram. Até agora eu consigo lembrar do barulho horrível do bicho batendo no chão e da imagem do pobrezinho agonizando”, revolta-se Osvaldo.
Indagado sobre a resposta dada ao solicitante, o comandante do 26ºBPM, tenente-coronel Rubens Peixoto, considerou o procedimento do policial correto e explicou que sem saber a autoria não há como a Polícia atuar ou comparecer ao local. “Pelo que está sendo relatado, a pessoa não sabia apontar a autoria, não viu o animal sendo jogado, não viu de que apartamento ele caiu. Acredito que o policial deve ter feito as perguntas de praxe, que é perguntar se a pessoa viu o gato sendo jogado e de que apartamento ele foi jogado. Sem que a identificação do autor seja apontada, não há como a Polícia atuar. Não poderíamos bater em cada um dos apartamentos para verificar de quem era o gato. Ele pode ter caído de algum outro lugar, pode nem ser de algum apartamento, pode ser um animal que estava solto e que caiu”, disse o comandante.
Entidades que defendem os direitos dos animais como a ONG Anima Vida e a Defensoria Pública afirmam, no entanto, que em casos assim a Polícia deve comparecer ao local para apurar os fatos. “Realmente, pode ter sido um acidente, pois todos sabemos que os gatos podem pular por uma janela para tentar alcançar um passarinho ou por estar fugindo de um cachorro, por exemplo, mas a PM deveria ter comparecido ao local para apurar o que houve. Pois também pode ter sido um caso de maus-tratos como animal, o que é um crime grave”, afirmou a defensora pública Marília Pimenta.
O crime de maus-tratos aos animais está previsto na Lei 9605 de crimes ambientais. “Os animais também são protegidos por lei. A Polícia teria que ter encaminhado uma viatura ao local para cerificar as circunstâncias em que aconteceu esse fato”, completou. A mesma opinião tem a representante da ong AnimaVida, Ana Cristina Ribeiro, que vai acionar a Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB. “Algum registro teria que ter sido feito. Da forma como a situação foi conduzida, não dá nem mesmo para saber para onde o corpo do animal foi levado e sem o corpo dele não há como comprovar se houve ou não um crime. As pessoas precisam entender que maltratar os animais é um crime. Existem pesquisas que apontam que pessoas cruéis com animais podem ser violentas também com crianças e com idosos. A Polícia teria que ter agido, até mesmo para verificar se não houve um acidente com o animal. Mas na verdade verificamos que ultimamente a PM têm se mostrado omissa em relação aos crimes contra os animais”, afirmou Ana Cristina, lembrando de um caso que aconteceu no fim do ano passado. “Acionamos a Polícia Militar porque havia umcachorro trancado dentro de um carro. Os policiais que atenderam disseram que não poderiam quebrar o vidro do carro para salvar o animal, para não danificar o patrimônio do tutor. Mas se fosse umcriança eles quebravam, não é? Todos fomos parar na delegacia por conta disso”, lembrou a presidente da ONG.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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