sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Animais morrem de fome e de sede durante a maior seca



Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
O cenário não é inédito: longa estiagem, falta d’água, rios e pastos secos, famílias sem ter o que comer e animais morrendo de fome e sede, sendo deixados para trás, transformando a paisagem num cemitério a céu aberto. Mas, fazia tempo – pelo menos 30 anos – que os agricultores do semiárido da Paraíba não sentiam de maneira tão perversa os efeitos de uma seca, a maior das últimas três décadas.
No meio de tanta dificuldade, as famílias que vivem diretamente os efeitos da estiagem contam com o apoio do poder público, instituições e até mesmo pessoas físicas que trabalham com ações de combate à seca. Uma dessas pessoas é o padre Djacy Brasileiro, que comanda a paróquia da cidade de Pedra Branca (localizada a 438 km de João Pessoa). Padre Djacy acompanha diariamente o drama de muitos sertanejos e amplia seu grito de socorro por meio de relatos e fotos que posta em redes sociais.
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
“Há meses que o mato está completamente seco. A gente anda pelas terras e encontra carcaças de bois e vacas espalhadas por todo canto. Não tem comida pra dar aos animais. O caso está grave”, lamenta um morador.
Sem dinheiro para alimentar os animais que ainda restam no pasto seco, os agricultores do semiárido – que compreende 75% do território paraibano – depende do Governo do Estado.
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura do Estado, que coordena o Programa de Distribuição de Ração Animal, já foram distribuídas mais de 10 mil toneladas de ração animal e até o final deste ano outras nove toneladas serão entregues para 20 mil pequenos agricultores.
Água virou raridade
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
Para a maioria dos sertanejos paraibanos, água se tornou um produto raro. Tomar banho, lavar as roupas e aguar as plantas se tornaram sonhos que eles esperam um dia realizar. A realidade, hoje, é da busca constante por água para satisfazer necessidades mais imediatas, como beber, cozinhar e matar a sede dos animais.
Cento e nove carros pipas estão atendendo as cidades mais atingidas pela estiagem. A água é aguardada com ansiedade e cada gota é bastante disputada. De acordo com informações do Comitê Integrado de Combate à Seca na Região do Semi-Árido Brasileiro, a distribuição de água potável está sendo feita pelo Exército Brasileiro, com ajuda do Governo do Estado.
Mais de oito mil cisternas de placa (para consumo humano) deverão ser construídas em 72 cidades paraibanas a partir de janeiro de 2013. Conforme o gerente de apoio a programas governamentais do Estado, Luiz Lianza, o processo está em fase de cadastramentos das famílias. “Ao todo serão investidos mais de R$ 15 milhões e os recursos são fruto de uma parceria entre os governados federal e estadual”, acrescentou Lianza.
Bolsa Estiagem
Créditos: Foto: Padre Djacy Brasileiro
Num período onde cada centavo é necessário para garantir a sobrevivência das famílias atingidas pela seca, os pequenos agricultores sofrem com um outro problema grave: a ignorância. De acordo com a delegada federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na Paraíba, Giucélia Figueiredo, 78 mil agricultores dos 195 municípios paraibanos em estado de emergência foram beneficiados com o programa “Bolsa Estiagem”. Entretanto, uma grande parte não foi ao banco sacar o valor.
A delegada fez um apelo para que os beneficiários do programa ‘Bolsa Estiagem’ retirem o dinheiro que está retido na Caixa Econômica Federal. “Cada agricultor cadastrado foi beneficiado com R$ 400, divididos em cinco parcelas e muitos que tiveram as parcelas depositas na Caixa nunca foram retirar o dinheiro”, informou a delegada.
A par da gravidade da situação vivida em mais de dois terços dos municípios paraibanos, Giucélia Figueiredo disse que o Bolsa Família (e o Bolsa Estiagem) são os únicos meios de sobrevivência que restam a esses agricultores. Para ela, são esses programas que têm permitido que haja tranqüilidade, mesmo diante de um cenário tão desanimador. “Se não fossem esses programas federais já tinha havido saques em supermercados em várias cidades, como já tivemos no passado”, completou.
Com informações do Uol

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