terça-feira, 2 de outubro de 2012

CCZ de Bauru (SP) é investigado por matar cerca de 30 gatos resgatados

Vítimas de confinamento, animais foram retirados de casa na Quinta da Bela Olinda, mas submetidos à eutanásia no CCZ
A Delegacia de Crimes Ambientais de Bauru instaurou um procedimento para apurar suposto crime de maus-tratos e a morte de cerca de 30 gatos ocorrida no dia 13 de setembro, em Bauru (SP). Os animais viviam confinados em uma pequena casinha de madeira na Quinta da Bela Olinda e, após serem resgatados, acabaram sendo submetidos à eutanásia no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Em nota, o CCZ alegou à reportagem que os gatos eram portadores de uma doença transmissível e que a eutanásia pretendeu evitar o prolongamento do sofrimento dos animais doentes.
O caso ocorreu na rua Carlos Linares Roda, no bairro Quinta da Bela Olinda. Segundo informações obtidas junto à polícia e a própria moradora que ajudava a manter os animais confinados, os gatos viviam trancafiados em duas casinhas de madeira. A maior possuía aproximadamente 1,5m de largura por 2,5m de comprimento.
“O pessoal abandona os gatos aqui e a turma acabava matando com veneno. Tínhamos dó dos bichinhos. Se a gente soltava, eles matavam”, alega a dona de casa Maria das Graças Boschette, 64 anos.
Com a alegação de tentar evitar a matança no bairro, a mulher contou ao JC que, há um ano, ela e seu filho de 43 anos, Carlos Boschette, resolveram manter os animais fechados nas pequenas casinhas de madeira, construídas por ele com restos de tábuas e papelão em um terreno ao lado da casa da família.
“De vez em quando nós soltávamos eles. Todo dia meu filho trazia comida. Ele limpava a casinha, pelo menos, três vezes por semana”, completa a mulher.
Apesar das alegações, a situação dos animais no local originou uma denúncia à Polícia Civil, que junto à ONG S.O.S. Gatinhos, compareceu ao local. No dia 11 de setembro, o CCZ foi oficiado para que tomasse as providências necessárias quanto ao recolhimento dos animais.
“Visualizamos uma situação de confinamento. O espaço era pequeno, fechado e batia sol direto. Até entendemos a atitude dos moradores, mas os animais não poderiam ficar confinados daquela forma”, ressalta o delegado do 1º Distrito Policial (DP), que apura crimes ambientais, Dinair José da Silva.
Ainda segundo o delegado, a medida de acionar o CCZ foi tomada após a informação de que a única ONG (organização não-governamental) da cidade que receberia animais oriundos de maus-tratos estava superlotada e não teria como acolher os gatos.
Eutanásia
Após receber a demanda da polícia, o CCZ, órgão ligado à prefeitura, foi ao local e recolheu os gatos, que no mesmo dia passaram por avaliação veterinária e acabaram sendo sacrificados no órgão.
“Verificou-se que os mesmos eram portadores de Síndrome Respiratória Felina. A eutanásia seguiu critérios específicos para este procedimento e também para evitar o prolongamento do sofrimento dos animais, que estavam extremamente debilitados por conta da doença”, diz a Divisão de Vigilância Ambiental em nota oficial enviada ao JC.
Ainda de acordo com a Vigilância Ambiental, a doença é extremamente transmissível, podendo contaminar os animais disponibilizados para adoção no CCZ.
Segundo o delegado Dinair José da Silva, o ofício enviado pelo CCZ à polícia informa ainda que os 23 gatos recolhidos – 11 fêmeas e 12 machos – foram fotografados e registrados no órgão antes de serem mortos.
Ao saber da morte dos animais, Maria das Graças demonstrou surpresa e lamentou a situação. “Achei que os gatinhos iriam para alguma ONG, e não que iriam ser mortos. Alguns estavam com sarna, mas outros estavam bem”, diz.
Serviço
Denúncias sobre envenenamento, maus-tratos e outras situações que envolvam animais devem ser comunicadas à polícia pelo telefone (14) 3238-7377.
Sobre o caso ocorrido na Quinta da Bela Olinda, o delegado Dinair José da Silva informa que ainda nesta semana pretende oficiar os responsáveis pelos supostos maus-tratos aos cerca de 30 gatos, que se condenados, poderão ser submetidos à pena de 3 meses a um ano de detenção, mais multa.
A morte em massa dos animais no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), entretanto, também deverá ser alvo de investigação da polícia.
“Não somos veterinários e nem médicos, mas alguns gatos pareciam saudáveis no dia”, comenta o delegado, enfatizando que pedirá ao órgão o laudo veterinário com a causa da morte para ser anexado ao processo. “Vamos solicitar o laudo e ouvir o veterinário também”, completa.
Síndrome felina
De acordo com a veterinária Ana Paula Guerra, a Síndrome Respiratória Felina é causada por um vírus que ataca o sistema respiratório e gera a queda da resistência em gatos e, em alguns casos, pode levar o animal à morte em menos de 15 dias.
O gato portador da síndrome apresenta tosse, secreções, gengivite e pode contrair pneumonia. “Em animais adultos até existe controle, dependendo do grau da doença. Mas se o animal estiver com imunidade baixa e outros problemas, como subnutrição e não for bem cuidado, a doença tem mais chance de evoluir para o óbito”, explica a veterinária.
Segundo Ana Paula, a síndrome coloca em risco os felinos e representa perigo de contaminação aos seres humanos e outras espécies somente se houver a presença de uma bactéria chamada clamídia. De acordo com ela, o tratamento da doença em estágio inicial é realizado por meio da administração de antibióticos, imunoestimulantes e vitaminas.
Fonte: JCNet

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