sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Atos de crueldade contra animais no Egito continuam constantes


Ainda é cedo no Cairo e as ruas estão vazias. Poucos carros nas ruas estreitas do centro da capital, perto do prédio do Parlamento. Mas é possível ouvir alguns gritos que se tornam mais altos conforme se avança em direção às vias principais. E está claro que não são gritos humanos.
Eu rapidamente vou em direção aos sons, esperando encontrar gatos que vivem nas ruas lutando por seus territórios, mas em vez disso fico chocado com o que vejo. Dois adolescentes rindo, um deles segurando um filhote de aparentemente 6 meses nos braços. De repente, ele solta o gato e agarra-o pelas pernas durante a queda. Em um movimento de giro, o gato é então atirado para cima em direção ao outro rapaz, que fortunadamente pega o animal. Os gritos do filhote são de horror, é inconfundível.
Algumas pessoas gritam com os jovens e eles soltam o gatinho, possibilitando que ele corra para embaixo de um carro.
Tal fato não é anormal para um país como o Egito tendo em vista o tratamento dado aos animais. Uma mulher egípcia me contou que ela estava andando no centro uma noite e viu um homem de mais ou menos 50 anos chutando um gato contra a parede, certamente para acabar com a vida do pequeno animal.
“Foi chocante e terrível”, falou ao site Bikyamasr.com logo após o acidente.
Não é apenas como os egípcios lidam com os gatos que causa espanto. Outros animais são explorados em algumas formas de trabalho, como se não sentissem dor nenhuma. O Instituto Brooke, organização internacional que lida com trabalhadores locais para melhorar o tratamento dispensado aos animais, disse que os egípcios que empregam burros ou cavalos fazem muito pouco por eles em termos de assistência quando eles envelhecem, adoecem ou ficam feridos.
Por causa disso, foram implantadas unidades veterinárias móveis para ajudar os animais a receberem a assistência adequada em caso de ferimentos. Essa iniciativa tem dado um sopro de vida a eles, aumentado a sensibilização dos egípcios para que cuidem dos animais.
Mas esta é apenas parte do problema. Quando acontece no país algum tumulto ou violência, como a revolta de janeiro de 2011, os agricultores simplesmente fogem de suas fazendas e deixam para trás cavalos, vacas, cabras e burros. Os restos mortais destes animais foram imortalizados por imagens que impressionaram o mundo, mas pouco mudaram a percepção do país em relação aos animais.
Esta é só a ponta do iceberg. Testes de laboratório e as fazendas de criação, duas das maiores causas de morte de animais, começaram a crescer exponencialmente no país.
Egípcios comem aproximadamente 12 quilos de carne por ano, segundo as estatísticas. Este número aumenta drasticamente conforme a ascensão da classe social. Os mais ricos querem seus produtos feitos de carne e não querem pagar por isso. Aí entram as fazendas.
No Delta do Nilo começam a aparecer instalações, onde milhares e milhares de galinhas têm seus bicos cortados e são forçadas a viver em locais sem mobilidade nenhuma. Não há regras. O mau cheiro, os dejetos e a matança em grande escala, pontos já difundidos no Ocidente, está entrando agora no Egito e consumidores e produtores estão mais que interessados em adotar este método barato de sacrifício, sem temer a reação de ativistas e do governo.
Um dos pontos não discutidos no debate animal está relacionado aos testes de laboratório. Neste segundo semestre, ativistas revelaram que têm ocorrido testes generalizados na Universidade do Cairo realizados em uma variedade de animais. Farmacêuticos possuem instalações em todo o Egito onde camundongos, coelhos, gatos e outros animais ficam mergulhados diariamente em tudo que há de mais moderno na medicina, cosméticos e outros produtos como forma de dimensionar as reações deles.
A resposta: indignação por poucos, silêncio pela maioria. Os egípcios simplesmente não se importam. Assim como os dois rapazes na rua riram da raiva que eu senti vendo a crueldade sendo cometida contra aquele gatinho, os egípcios acreditam que os animais são “domínio” dos humanos, tornando qualquer tentativa de mudança de mentalidade muito difícil.
Para começar a fomentar a mudança na mente e no coração dos egípcios em relação à população animal, os ativistas em defesa dos direitos animais devem adotar novos métodos, mostrar vídeos e falar. Forçar o governo e o Ministério da Agricultura a inibir a exploração e a tortura de animais para fins humanos seria também um grande começo.
fonte: anda
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Por Joseph Mayton, do Bikyamasr.com
Tradução por Natalia Cesana (da Redação)

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