quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Farsa do “bem-estar animal” atrai mais compradores de carnes e enche os bolsos dos pecuaristas

Revoltante  hipocrisia!
Por Robson Fernando de Souza (da Redação)


Porcos aprisionados em fazenda industrial. No final das contas, continuariam sendo escravos de pecuaristas e mortos precocemente numa fazenda bem-estarista. Foto: Farm Sanctuary
Frequentemente vê-se indícios de que a aplicação do bem-estarismo na pecuária nada tem a ver com reconhecer nos animais explorados por essa indústria o direito à integridade física, mas sim com melhorar a qualidade dos “produtos” vendidos, ludibriar mais consumidores e atraí-los para o sombrio mercado de alimentos de origem animal. Isso pode ser interpretado a partir de um estudo realizado por uma integrante da autodenominada “Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal” do Conselho Federal de Medicina Veterinária num supermercado de Curitiba.
O estudo em questão inicialmente convidava o entrevistado a listar as características que tinham maior peso na decisão de qual carne comprar, como a validade, o preço, o odor e a cor. O “bem-estar animal” a princípio só foi considerado uma característica determinante da compra da carne por 4% dos entrevistados.
Mas em seguida o entrevistador mostrou imagens da pecuária intensiva e da semiextensiva, esta última alegadamente mais receptível às investidas do bem-estarismo. Depois da apresentação das imagens, o “bem-estar” passou a ser a terceira característica decisiva mais citada pelos consumidores de carne, tendo sido citada por 24% dos entrevistados.
A mesma pesquisa descobriu que 71% dos consumidores pagariam mais caro por produtos com selo de certificação bem-estarista e carne firme e rosa. Verificou-se, com esses resultados, que o bem-estarismo, a falsa preocupação com os animais, é uma excelente oportunidade de vender carne mais cara e de “melhor qualidade” e compensa os eventuais aumentos de gastos com instalações bem-estaristas de exploração animal.
A verdade é que não interessa aos pecuaristas dar liberdade (que não deve ser confundida com soltura) nem respeitar o direito dos animais à vida. Não lhes interessa ver os animais não humanos como sujeitos de direitos, senhores de suas próprias vidas e corpos. O bem-estarismo que adotam não é pelo bem dos animais, mas sim pela “otimização” das “máquinas de produção” – tal como os animais são vistos por seus escravizadores – e pelo atendimento a uma demanda que, enganada pelas organizações bem-estaristas que juram “proteger animais”, vem sendo induzida a acreditar que alguns confortos e adaptações nas fazendas e granjas já são o suficiente para que os animais passem a ser “respeitados”.
No final das contas, os animais continuam escravos dos pecuaristas, permanecem sendo tratados como meros números de produção, como máquinas – agora sujeitas a uma “manutenção” e acondicionamento melhores. Continuam sendo mortos precocemente depois de uma vida inteira de exploração.
Por tudo isso, percebe-se que o bem-estarismo é um farsa ética e abre brechas ao mais puro oportunismo dos exploradores de animais, que agora podem dizer que estão “respeitando os animais” enquanto os mantêm sob escravidão e mata aqueles que “está na hora” de matar. Considerando-se isso, um dos desafios do abolicionismo é desmascarar as intenções de certas organizações bem-estaristas, que beneficiam não os explorados, mas os exploradores, colocando na pecuária um disfarce de boazinha e tornando-a mais rentável ainda.
fonte: anda

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