sexta-feira, 9 de novembro de 2012

PETA enfrenta resistência de zoo para transferir elefante a santuário


O veterinário chefe do Zoológico de Manila pareceu um pouco desconfortável enquanto a elefanta Mali espremia seu traseiro pelas barras enferrujadas de sua jaula. “Nós vamos ter mesmo que remover essas barras”, disse o Dr. Donald Manalastas, supervisor de assistência aos animais do zoológico. “Grupos de interesse gostam de fotografar as barras e as usam para angariar fundos.”
Mali, considerada pelos funcionários do zoológico como o único elefante das Filipinas, passou quase toda a vida em cativeiro desde que foi doada pelo governo do Sri Lanka 35 anos atrás, quando tinha três anos de idade. Parte desse tempo foi gasto atrás das barras de uma pequena cerca, embora ela também tenha aproximadamente 1.020 metros quadrados de jaula a céu aberto com chão de concreto, que inclui areia e água.
Há três décadas, ela é a atração de crianças que frequentam a escola, famílias e eventuais turistas que se aventuram neste pequeno e mal financiado zoológico na capital filipina. Mas no ano passado, Mali ganhou fama internacional.
A PETA (organização não governamental dedicada aos direitos dos animais) começou uma campanha para que Mali fosse libertada do zoológico e levada a um santuário de elefantes no norte da Tailândia. Os esforços incluíram manifestantes de biquíni e atraíram o apoio de personalidades internacionais.
Morrissey, o astro pop britânico e defensor dos direitos animais, se uniu à causa em maio com uma carta ao presidente filipino, Benigno S. Aquino III. Dois meses depois, o escritor J.M. Coetzee, que foi premiado com o Prêmio Nobel de Literatura em 2003, também se uniu.
“Trinta e cinco anos é uma sentença dura de aguentar. É mais longa do que aquelas cumpridas por muitos assassinos”, Coetzee escreveu. “Mali já pagou pela infelicidade de não ter nascido humana. Agora é hora de soltá-la.”
Manalastas, no entanto, insiste que Mali está sendo muito bem cuidada. “Nós ouvimos essas celebridades falando um monte de coisas, mas eles não viram Mali ainda. Eles nunca vieram aqui”, disse o veterinário. “Eles não sabem como nós tomamos conta dela. Eles estão apenas dando ouvidos à PETA.”
O zoológico se opõe à transferência de Mali para um santuário de elefantes, citando sua idade e o receio de que ela não sobreviva aos sedativos e ao estresse associados ao seu transporte até a Tailândia. Também não está claro se ela seria capaz de assimilar outros elefantes uma vez que estivesse lá, explicou Manalastas. “Nós perguntamos a eles: ‘Vocês podem nos assegurar 100 por cento de que ela sobreviverá à viagem?’”, contou. “Eu acredito que ela nos considere sua família. A Mali se sente segura conosco.”
Ashley Fruno, militante sênior da PETA Ásia, contestou o argumento de que Mali poderia morrer durante a transferência. “Estamos gastando muito do nosso tempo desfazendo mitos sobre o transporte sugerido para Mali”, explicou Fruno. “Como eles não têm um especialista em elefantes no país, a maioria das pessoas não percebe como é rotineiro o transporte de elefantes.” Em 29 de maio, o Dr. Mel Richardson, um veterinário da Califórnia que tem uma vasta experiência cuidando de elefantes, visitou o Zoológico de Manila a pedido da PETA. Em seu relatório, postado no site da PETA, ele se referiu a Mali como “um elefante de boa natureza” e escreveu: “As condições de saúde de Mali são relativamente boas, embora ela esteja um pouquinho acima do peso.”
As principais preocupações de Richardson no relatório são de que a jaula de Mali é muito pequena e inadequada para suas necessidades, que ela sofre de um problema potencialmente sério nas patas, relacionado aos anos que passou no concreto, e que não está sendo cuidado e que, em especial, ela está sozinha. “Elefantas asiáticas nunca ficam sozinhas na natureza. Nunca!”, Richardson escreveu em uma entrevista por e-mail. “Do nascimento à morte, elas vivem em uma família de outras fêmeas e de jovens machos.” Ele escreveu que Mali não está velha, mas na meia idade.
Embora elefantes asiáticos morram em cativeiro por volta dos 30 ou 40 anos de idade, as causas das mortes estão relacionadas ao cativeiro, e não à idade, disse ele. Em seu relatório, Richardson comentou que 18 zoológicos ao redor do mundo já fecharam ou planejam fechar as exibições de elefantes, após concluírem que estes animais não podem receber os cuidados adequados vivendo em cativeiros. Nessa lista estão os zoológicos de Detroit, da região metropolitana de Vancouver e de São Francisco, que, juntos, colocaram 14 elefantes em dois santuários nos EUA.
Ele recomenda que Mali seja transferida para um santuário por uma organização especializada em transporte de elefantes. “Enquanto o Zoológico de Manila faz o melhor que pode dentro das condições que tem, simplesmente não é o suficiente e, no caso dos elefantes, boas intenções não são boas o suficiente”, escreveu Richardson.
fonte:R7

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