quinta-feira, 9 de maio de 2013

A senciência animal



Os animais, plantas e pessoas podem ser comparados em vários aspectos. Todos são importantíssimos para a vida e o cotidiano no planeta, cada um com seu papel a desempenhar. Que os humanos têm emoções, alma e sentem uns pelos outros, já se sabia, o que deve ser observado agora é como isso acontece no mundo animal e vegetal. Em algumas situações os animais demonstram ter tanta emoção quanto os homens. Choram, sofrem, ou seja, têm uma alma. As plantas são tão sensíveis quanto, um exemplo disso, vem a partir das espécies que convivem sozinhas, nenhuma outra consegue sobreviver ao seu redor, para isso obviamente há uma explicação cientifica, mas não deixa de ser uma forma de sentir.
Dores da carne e do lado emocional podem ser sentidas por animais humanos e não humanos (Foto: Divulgação)
Dores da carne e do lado emocional podem ser sentidas por animais humanos e não humanos
(Foto: Divulgação)
No Cemitério de Bonfinópolis, o cachorro da raça vira lata, chamado Tom foi encontrado. O Cão estava muito debilitado, magro, anêmico, totalmente desnutrido. Como ele não queria de jeito algum sair do cemitério, as protetoras de animais que o resgataram, Tatiana Eduarda Batista e Leonora Alves, acham que o tutor do animal tenha morrido e sido enterrado naquele local, e que talvez por isso ele só fosse até uma parte do cemitério. “Só saiu de lá por que o carregamos e mesmo assim ele tentou voltar para dentro quando o colocamos no chão perto do carro”, explica Leonora. O cão foi adotado pela costureira, Roseli Fidelis.
Uma pesquisa para um livro lançado recentemente: How Animals Grieve (Como os Animais Ficam de Luto), da antropóloga americana Barbara King, divulgada pela revista Isto é, descobriu que bichos tanto selvagens quanto domésticos sofrem e demonstram tristeza depois da morte de companheiros. Segundo o texto, as cenas de luto entre os animais selvagens variam desde chimpanzés que observam em silêncio o companheiro morto até elefantes que estendem as trombas a um filhote moribundo. Segundo o autor espírita, Weimar Muniz, isso também vale em relacionamentos homem e animal, como no caso do cachorrinho Tom, em Bonfinópolis.
Barbara ainda esclarece, que a Ciência está longe de desvendar totalmente o grau de compreensão deles sobre o fim da vida. “Nem toda resposta à morte significa luto”, diz. Em alguns casos eles reagem com curiosidade, cutucando o cadáver. Outros parecem indiferentes à perda de um companheiro e até praticam canibalismo. “O luto deles é diferente do nosso. Pessoas sofrem por estranhos e conseguem canalizar esse sentimento de várias formas”, diz. Essa reação dos animais, demonstra que não é uma exclusividade humana ter emoções.
Weimar Muniz conta uma história parecida com a de Tom que aconteceu com sua irmã. “O nome dela é Valdeci, morava na época em Ituiutaba, há cerca de 20 anos, o marido foi para roça, ele era carreiro, carregava madeira. Em um dos dias ele levou o filho como candeeiro, depois de carregar o carro de boi com a madeira foram indo embora, quando um pau enrolou em uma terceira, na estrada, e bateu na cabeça do menino, que na época tinha 10 ou 11 anos de idade, ele morreu na hora. O garoto tinha um cão, que depois de ele ser enterrado não saiu mais de perto do túmulo, nem mesmo para comer. Até tentavam alimentá-lo ou dar água, mas ele negava. O cão acabou falecendo também, de saudade do menino. Os animais têm uma alma, mesmo que primitiva, mas têm. O homem é o produto máximo da evolução na terra. Dizem que a mesma distancia entre homens e animais é relativa à distância entre o homem e Deus. Não concordo que estejamos tão distantes Dele, mas é isso”, conta Weimar.
Segundo o autor, as plantas reagem de modo diferente dos animais, mas também sentem. “As plantas têm uma sensibilidade que se inicia do reino vegetal, ambos os reinos transmutam, é relativo, os animais têm momentos de lucidez, não possuem pensamento contínuo, como nós, nem mesmo sabem a diferença imediata do certo e do errado”, esclarece.
Aspectos cientÍficos
A bióloga Karla Caroline Marques, 27, explica o que acontece no mundo vegetal a partir do ponto de vista científico. “Os estudos desenvolvidos comprovam que os seres do reino Plantae (espécies vegetais) não possuem sistema nervoso, o que caracteriza os reflexos presentes nos animais, por menos complexos que esses sejam. Por termos conhecimento sobre a cadeia alimentar, é importante ressaltar que por menor que seja todos os seres estão interligados no planeta, pelo simples motivo da absorção de nutrientes vindo dos alimentos”, explica.
Em relação às curiosidades que algumas plantas possuem, como carnívoras, ela esclarece: “Elas sempre foram uma atração à parte. O muito conceituado cientista-naturalista, Charles Darwin estudou uma espécie (Drosera montana) e descobriu que a quantidade de Nitrogênio presente no solo era muito pequena – as plantas precisam de muito Nitrogênio para se desenvolver – descobriu então que essa planta, conseguiu na natureza uma forma de sobrevier no ambiente insólito do pântano, capturando insetos e recorrendo às vítimas seu teor necessário de Nitrogênio. Foi um mecanismo de adaptação sem ligações nervosas ou instintivas, apenas uma resposta adaptativa ao seu meio natural, assim como todos os seres do planeta que lutam pela sobrevivência, os que conseguem sobreviver são adaptados, os que perecem são instintos. Outro exemplo são as plantas que têm a capacidade de liberar toxinas no solo, atrapalhando não a elas, mas outros vegetais de se proliferarem nas mesmas dependências espaciais, outra resposta adaptativa contra a competição que essas podem levar, pelos nutrientes presentes no solo e principalmente pela absorção da água, como acontece com o Eucalyptuys sp (eucalipto)”, ressalta.
A bióloga também ressalta que apesar de tudo ter uma explicação científica ela acredita que as plantas como criação de Deus sentem. “A matéria viva é tão bem disposta, equivalente, milimetricamente perfeita na sua constituição e mecanismos, que nada é dispensável, tudo tem uma ordem, circunstância e linearidade, perfeitamente encaixados no que pode ser denominado um grande organismo vivo, o Planeta Terra. Além disso algumas pessoas conversam com plantas, por acharem que a atenção repassada em forma de diálogos e carinhos façam com elas cresçam vistosas e mais “felizes”. Sabemos que existem espécies que precisam de uma clima específico, solo com PH adequado para se desenvolverem, uma determinada carga (sim, energia) de raios solares diários, umidade. Deixando a Ciência com menos ascensão e partindo para o fator sensitivo, tudo aquilo é feito com dedicação e com boas energias é transmitido para o meio, não se sabe ao certo se essa “energia” é absorvida ou mesmo sentida pelos vegetais. O que nos impede de tratar um ser vivo tão primordial com mais atenção? Nada nos impede, a não ser a rotina cansativa, os problemas diárias e egoístas dos seres humanos, são peças fundamentais para nossa existência e não podem deixar de serem percebidas e tratadas com a suma importância que têm e que merecem”, diz Karla.
Com a pesquisa, a antropóloga Barbara, descobriu que um sistema emocional complexo e profundo, ainda não totalmente compreendido pelos cientistas, integra a personalidade de vários animais, indo muito além dos primatas, elefantes e golfinhos. Segundo ela cavalos, coelhos e pássaros são muito interessantes. Dependendo do indivíduo e do estímulo que eles recebem, podem desenvolver um grau maior de empatia por seres semelhantes. Tudo isso também pode ser percebido quando um animal morre, e os outros demonstram tristeza. Ela explica que isso está vinculado a necessidade de alianças dentro de um bando. Para o zootecnista, Alexandre Rossi: “Indivíduos dominantes sofrem mais com a morte de outro animal do grupo do que os submissos.”

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