segunda-feira, 17 de março de 2014

Ativistas protestam contra rede de restaurantes que diz vender carne de animais “felizes”

Cena de vídeo promocional da empresa Chipotle
Cena de vídeo promocional da empresa Chipotle
São Francisco é uma cidade americana famosa por concentrar defensores de animais. Foi uma das primeiras cidades do país, seguida por Boulder, Berkeley, e Amherst, a alterar legalmente a nomenclatura dos chamados “proprietários de animais” para “tutores”. Na região, os cães de companhia já ultrapassam em número as crianças, e foi o local onde surgiu o movimento de abrigos não letais – que não induzem a morte de animais resgatados.
Não é de se surpreender que a culinária vegetariana faça parte da cultura da cidade de maneira significativa. Mesmo as redes de fast food que atendem a área estão começando a se mover na direção da alimentação livre de crueldade. Um exemplo é o que aconteceu há duas semanas, quando a rede Chipotle anunciou a introdução de uma opção vegana. A Chipotle é a terceira maior companhia de restaurantes, e alcançou um crescimento explosivo nos últimos anos, superando até mesmo gigantes do setor como o Mc Donald’s, seu antigo proprietário. De acordo com a reportagem, o prato vegano é anunciado como o primeiro passo de um caminho em direção à alimentação ética, sem ingredientes animais.
No entanto, a rede é alvo de protestos de ativistas de direitos animais. A ONG Direct Action Everywhere está conduzindo a campanha internacional “It’s not Food, It’s Violence” (Não é comida, é violência) contra a Chipotle. As informações são da Beyond Chron.
Ativistas fazem protesto em frente a um restaurante da rede Chipotle (Foto: Divulgação)
Ativistas fazem protesto em frente a um restaurante da rede Chipotle (Foto: Divulgação)
A empresa é um dos maiores exemplos do que os ativistas descrevem como “humane washing”, que consiste em tentativas de disfarçar a realidade brutal da agropecuária como “humana”, “responsável”, ou mesmo “compassiva”. O site da empresa, por exemplo, é cheio de belas fotos de animais felizes em pastos verdes (muitas vezes filhotes, para maximizar a adesão popular). A companhia distingue seus produtos animais dos concorrentes com o apelido “responsavelmente criado” – e cobra um prêmio elevado para a distinção, que são os altos preços. O diretor Steve Ells fez uma promessa pública de “gerir o negócio de uma forma que não explore os animais”.
Mas mesmo publicações da indústria de carne têm notado que, nas fazendas que servem à empresa, os animais enlouquecem devido ao confinamento em gaiolas escuras e aterrorizantes. A Chipotle utiliza uma linguagem de marketing – como “natural” – que não tem nenhum significado regulamentar e não corresponde à realidade. E, como o criador de porcos Bob Comis aponta, as práticas que são tidas como padrão mesmo nas “fazendas humanitárias” envolvem maus-tratos brutais aos animais. Devido a essas discrepâncias, advogados que atuam na área de defesa ao consumidor, sem conexão com o movimento pelos direitos animais, entraram com uma ação questionando as práticas enganosas da Chipotle.
De acordo com a reportagem, a fraude da Chipotle é problemática pois reforça a  “mentira violenta” que as indústrias e a cultura dominante tentam empurrar para o mercado consumidor há muito tempo: que os animais são apenas objetos que devem ser usados, mortos e transformados em alimento, mas “com responsabilidade”. A questão da “humane washing” levantada por esse caso só traz a necessidade de revisão desta cultura já instaurada, apesar de, contraditoriamente, já se fazer perceber uma crescente compreensão no senso comum de que os animais são seres que merecem o mesmo respeito e dignidade que as pessoas.
Outro ponto a se observar com este exemplo da Chipotle é que a tendência das redes de restaurantes que estão criando, sobretudo nos Estados Unidos, opções vegetarianas e veganas, pode representar uma forma de encobrir ao público o fato de que essas empresas ainda vendem carne na maioria de suas opções, e gerar uma falsa ideia de que estão se tornando mais éticas ou preocupadas com os animais.
fonte:anda.jor

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