segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Grupo de cientistas afirma que animais não devem ser tratados como objetos


Crédito:
Documento assinado por 26 cientistas do Brasil e de outras partes do mundo abre o debate sobre o uso indiscriminado de animais em diversas áreas da economia, da ciência e até do entretenimento.
Um grupo de cientistas re­nomados, como o canadense Philip Low e a brasileira Car­la Molento, assinou na última semana uma declaração afir­mando que os animais são se­res com consciência, capazes de sentir dor e prazer e, por isso, não podem ser trata­dos como coisas. O documento, chama­do de Declaração de Curitiba e criado du­rante o III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal – evento organizado pelo Conselho Federal de Medicina Veteriná­ria (CFMV), em agosto – aprofunda o entendi­mento científico sobre questões éticas envol­vendo o uso de animais em experimentações, na produção de alimentos e até mesmo no entreteni­mento.
Um dos signatários e apoia­dores do documento é o médi­co veterinário e presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arru­da. Para ele a declaração pode ser considerada uma extensão da Declaração de Cambridge, porém com o olhar menos téc­nico e mais moral, já que esti­mula a comunidade científica, e até mesmo a sociedade, a repensar a relação homem X animal. “Pode trazer grandes avanços em discussões, por exemplo, sobre o uso de ani­mais para entretenimento, como em rodeios e circos. Cla­ro que essas são manifestações que cumprem um papel cultu­ral importante, mas é essencial que o tratamento dos animais seja levado em consideração, já que muitas vezes esse trata­mento é degradante. É esse tipo de debate que queremos gerar com a Declaração de Curitiba”, afirma o presidente.
Segundo a médica veteriná­ria, PhD e pós-doutora Carla Molento, membro da Comissão Nacional de É t i c a , Bioética e Bem-estar animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a Declara­ção de Curitiba foi criada para complementar a Declaração de Cambridge. “Parece uma decla­ração óbvia, mas é muito im­portante que o meio científico apresente sua posição baseada em estudos acadêmicos. Con­cluímos que, além de conscien­tes, os animais não podem ser tratados como coisas. Criamos uma declaração que represen­ta um passo para o reconheci­mento da autonomia animal, onde os bichos poderão ter seus direitos reconhecidos, assim como os seres humanos”, afir­ma Molento.
A Declaração de Cambridge apresentou, em 2012, a conclu­são de um grupo de neurocien­tistas de que os humanos não são os únicos animais com as estruturas neurológicas que geram consciência, admitindo, assim, o que foi negado duran­te tanto tempo: muitos animais apresentam consciência e ex­primem sentimentos.
O documento criado em Curi­tiba é um passo importante, pois é uma oportuni­dade de levantar questões morais sobre o uso de animais, além de ter significa­do fundamental para a Medicina Veterinária e a Zootecnia bra­sileira. “Depois de dois anos da Declaração de Cambridge, que constatou a partir de evidências cientí­ficas que, assim como os seres humanos, os animais também possuem consciência, a Decla­ração de Curitiba nasce para oficializar a posição do meio científico de que os animais têm consciência e deveriam ser tratados como sujeitos de direito” conclui a médica vete­rinária.
Íntegra da Declaração de Curitiba
“Nós concluímos que os ani­mais não humanos não são ob­jetos. Eles são seres sencientes. Consequentemente, não de­vem ser tratados como coisas”.
fonte:http://www.rccfm.com.br/rccfm.com.br/VisualizarNoticia/3662/grupo-de-cientistas-afirma-que-animais-nao-devem-ser-tratados-como-objetos.aspx#.VCDsMJRdW0s

Nenhum comentário:

Postar um comentário

verdade na expressão